sexta-feira, 14 de novembro de 2008

A História Continua!



Sábado, será comemorado mais um feriado nacional, a “Proclamação da República” em 15 de novembro de 1889. De fato, tal solenidade marcou muito o cenário político do país, tanto nacionalmente, quanto nas cidadezinhas recém-formadas do interior daquela época. Sim, o ideal republicano chegou à cidade de Barretos e atingiu-nos em aspectos sociais, econômicos, culturais e ainda mais afetou a mentalidade da população.
No mesmo dia 15 de novembro, no entanto em 1907, era inaugurado um dos mais belos prédios de nossa cidade, o “Paço Municipal”, atual “Museu Ruy Menezes”. A administração municipal era do então intendente Dr. Antônio Olympio Rodrigues Vieira e o edital de licitação da obra foi publicado no Jornal O Sertanejo em 29/04/1906. O projeto foi executado na Praça da República (hoje Praça Francisco Barreto), sob a responsabilidade de César Torcelli, sendo a pedra fundamental lançada no dia 02/09/1906.
Contudo, neste ano de 2008, algo inédito aconteceu: a descoberta de tal data de inauguração do prédio do Museu. No minucioso trabalho de análises de documentos, estávamos eu (estagiária) e Sueli Fernandes (Diretora do Museu) arquivando e descrevendo os documentos do acervo que já estavam no Museu. Foi então que verificamos o convite da inauguração do Paço Municipal endereçado à Profª Maria da Glória. Eis a transcrição do convite, in verbis:
“Em 09 de novembro de 1907, Illmª Exmª Imª D. Maria da Gloria Carvalho. M. D. Professora nesta cidade. Devendo realisar-se às 6 horas da tarde de 15 de corrente mez, a inauguração do Paço Municipal desta cidade, tendo a honra de convidar V. Excia. a comparecer a esse acto, contribuindo com a vossa presença para maior brilhantismo da solenidade que se projecta. Saude e fraternidade. O prefeito do municipio.”
Portanto, o “Palácio das Águias”, como também é conhecido, comemora 101 anos de sua majestosa edificação. O Museu Histórico, Artístico e Folclórico “Ruy Menezes” permanece VIVO e se renova a cada instante em busca da preservação e do resgate das lacunas de nossa memória. Ainda mais, suas portas continuam abertas para as novas descobertas que virão, afinal o tempo não para!

REFERÊNCIA:
Documentos do Museu “Ruy Menezes”.
ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL ''O DIÁRIO'' (BARRETOS/SP), EM 14 DE NOVEMBRO DE 2008.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Lembranças de ex-aluno

“O passado não é o antecedente do presente, é sua fonte.”
(Ecléa Bosi)

Em uma agradável conversa com meu avô, Antônio Ribeiro de Oliveira, descobri que ele foi aluno do “3º Grupo Escolar” nos anos de 1949, 1950 e 1951, hoje E. E. “Cel. Almeida Pinto”. Através disto, foram observados alguns casos interessantes que, se contextualizados com a história do país e da cidade, poderão render bons frutos à memória escolar. Além do mais, tais casos refletem a situação educacional da época e possibilitam pesquisas acadêmicas neste âmbito.
Considerando que o prédio da escola foi inaugurado em 1951, conta o ex-aluno que a comunidade do local não estava de acordo com sua construção. Isso aconteceu em razão da própria localidade do prédio, no “Largo São Sebastião”, pois, segundo a comunidade, o lugar era de posse do Santo e, por isso, deveria ser construída uma Igreja e não uma escola. Com a doação do terreno pela Prefeitura Municipal, na administração do Prefeito João Ferreira Lopes, o prédio foi construído com as verbas do governo estadual. Entretanto, “o prédio começou a rachar, rachaduras leves, e o povo começou a falar que foi por causa do Santo”, relatou Antônio, que muito atentamente observava os acontecimentos e não acreditava que as rachaduras eram castigos do Santo.
Lembra Antônio, com alegria, dos Desfiles Cívicos, onde os alunos apresentavam-se todos os anos com a Fanfarra da Escola. Todos os dias dentro da sala, antes do início da aula, os alunos cantavam o Hino Nacional e era certo o respeito ao Diretor, talvez por temer sua atitude. As matérias eram divididas em quatro, valendo cem pontos cada uma: Linguagem Escrita, Leitura e Linguagem Oral, Aritmética e Conhecimentos Gerais.
A memória do ex-aluno desencadeou, entre muitos sorrisos, todo o cenário escolar da década de 50. Durante a conversa, percebem-se características como o misticismo e a religiosidade da comunidade, o patriotismo escolar e a ativa participação dos alunos nos eventos sociais da cidade, não meramente por comemorar datas cívicas, mas, pela simples felicidade em apresentar-se ao público com as músicas ensaiadas e representar gloriosamente sua escola. Por fim, lembrar o passado é ajudar buscar referenciais ao presente, ainda mais pelas lembranças de uma figura por vezes esquecida na história: o aluno.

Observações: Olhando as fichas de exame do vovô, reparei que foi um bom aluno, entre elas, foi “promovido” em 1951 pela Profª Nelsy Bernardi: Parabéns!
Agradecimentos à Direção da E.E. “Cel. Almeida Pinto” pela disponibilidade dos arquivos.

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL ''O DIÁRIO'', EM 07 DE NOVEMBRO DE 2008.