
Há muito tempo, dizem que esta época de transição entre um ano e outro é tempo de reflexões. Algumas pessoas se unem para festejar os ritos da tão esperada festa cristã, outras, porém, preferem dedicar-se ao isolamento para refletirem sozinhas sobre a passagem do ano e outras, ainda, sequer ligam para tais acontecimentos. Mesmo assim, é perceptível que algo diferente acontece conosco, desde súbitas vontades a mudar o corte de cabelo até prometer aos santos que o futuro ano será diferente.
Bem, mesmo sendo um ser humano, isto é, passível de qualidades e defeitos, penso que seja importante refletir sobre duas virtudes, que, historicamente estiveram presentes (ou tentaram estar) na vida humana. Falo sobre o “respeito” e a “paciência”.
De acordo com a mentalidade de cada época, os significados das palavras são estudados e revistos para se adequarem às culturas. Logo, em um dicionário de latim, do ano de 1913, o significado da palavra “respeito” era vinculado moralmente ao “resguardar do homem para com o homem”. É claro que isso é muito importante, contudo, acredito que uma das virtudes que nos faltam é o respeito do homem à natureza, onde se inclui o próprio homem, o meio ambiente, os animais e a flora. Penso, ainda mais, que o maior ato de respeitar que se pode haver na humanidade é aceitar as “diferenças”; sejam físicas, psicológicas e culturais, entre nós mesmos ou entre a natureza. Ora, não é porque somos racionais que somos melhores ou piores que os outros seres vivos.
Sobre a outra virtude, certa vez li que dividindo a palavra “paciência” tem-se como resultado: “ciência da paz”. Por “ciência”, nota-se o sentido de “sabedoria” em tal expressão, posto que, para se alcançar a paz é preciso saber pensar, esperar, agir. Na história, tivemos grandes exemplos em que o homem falhou com ele mesmo e com a natureza por falta de sabedoria em esperar o momento certo e agir precipitadamente.
Neste ano de 2009, o meu maior desejo a todos é que consigamos aceitar as nossas diferenças, com respeito e sabedoria. Afinal, para alcançarmos a tão desejada “paz” talvez devêssemos valorizar as nossas diferenças, pois elas que nos mantêm vivos e nos completam dentro da nossa única natureza: Deus.
ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL ''O DIÁRIO'' (BARRETOS/SP), EM 27 DE DEZEMBRO DE 2008.