terça-feira, 1 de junho de 2021

Aos monumentos (Parte I)

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 1º DE JUNHO DE 2021 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS    

Busto da República de 1922 centralizado na Praça Francisco Barreto
(Fotografia: Acervo Museu "
Ruy Menezes").


            Permita-me o leitor uma (nem tão) despretensiosa reflexão. Sobre os monumentos da cidade, você já se deu conta do quanto eles nos contam sobre o passado e o presente? E mais, do quão a manutenção deles é importante para a fruição da Cultura? Sim, Cultura em maiúsculo, no sentido de ser uma importante área de gestão que dissemina identidades, preserva memórias e promove criticidade ao povo.

            Em geral, os monumentos se localizam nas praças e possuem conexão com elas. São instalados em locais públicos de grande circulação e ampla visibilidade, pois são erigidos justamente para serem contemplados. Todos os monumentos possuem intenções, a fim de eternizar uma ideia ou um projeto da época em que foram erguidos. Com o passar do tempo, o ideal original do monumento se perde e até pode ser negado pelo presente (exemplo de estátuas de monarcas, traficantes de escravos, bandeirantes e líderes assassinos). Porém, o tempo transforma o monumento em fonte histórica e dele não se espera a disseminação daquele ideal e sim o conhecimento sobre a sociedade do passado. Morre o ideal, nasce a História. E preserva-se por isso.

            As pessoas e as épocas mudam, como esperar delas que se identifiquem com o mesmo ideal de séculos passados? Ao preservar um monumento antigo, a Cultura mostra à população quais eram os pensamentos, os anseios, os projetos e a mentalidade do poder político de uma época, isto porque quem geralmente edifica monumentos são os governos. Os mesmos governos que mandam descartá-los.  

            Em Barretos, por exemplo, a Praça Francisco Barreto abrigou alguns monumentos que, depois, foram retirados a mando de prefeitos com a justificativa de reformas em nome da “modernidade”. Um erro histórico, pois o presente bem mostra que alguns acabam voltando ao seu lugar de origem. Os monumentos só fazem sentido quando estão in loco, eles verticalizam por si só aquilo que é nosso, independente se gostamos ou não, a nossa história. [continua].