Já entrevistei bons personagens da história da cidade. Muito me orgulho disso! |
Hoje, reservo-me no direito de
escrever em primeira pessoa. A justificativa de tal “ousadia” é por pretender
falar sobre sentimentos. Sobre pessoas. É certo que nestas poucas linhas,
sempre me atrevo a escrever sobre a história da cidade. Mas é por justamente
acreditar que a história de uma cidade se faz pela história das pessoas, é que
hoje pretendo uni-las: a cidade, o passado e as pessoas.
Semanas atrás, procurou-me um
senhor, já octogenário, muito inteligente, vivaz e de excelente memória. Munido
de fotografias, registros de todos os tipos e fresca memória, sua intenção era
obter minha ajuda – como historiadora –
para escrever um livro sobre sua vida. Vida essa que perpassava a história
política de Barretos, bem como aspectos do esporte, filantropia, educação, etc.
Infelizmente, não pude ajudá-lo, já que estou afastada de diversas atividades
por causa da maternidade, de meus filhos pequenos.
Ofereci ajuda básica, como leitura
do material já previamente pronto, revisão de texto (algo que daria para fazer
em casa). Mas foi nítida sua decepção. Ele precisava de ajuda na escrita do
computador, coleta de informações, roteiro de escrita e organização do
material. E eu, mesmo empolgada com sua história, justificando repetidas vezes
a fase difícil na qual me encontro e indicando outros colegas, não pude
ajudá-lo.
Diante disso, fiquei pensando...
quanto material (físico e oral) a história da cidade perde quando não registra
as memórias dos mais velhos? Quanto a própria família desses idosos perde em
não ouvir a sua experiência pessoal e conhecer a contribuição dos mesmos à
cidade? Seria tão bom se netos não só ouvissem seus avós, bem como registrassem
o que eles viveram para poder contribuir à identidade e história do lugar em
que vivemos.
Espero que minhas indicações sejam
usadas para que este senhor mantenha viva sua história, tão rica também à
cidade. E que não só ele, como qualquer barretense mais velho, seja reconhecido
como importante fonte de vida e memória na própria família!