segunda-feira, 28 de setembro de 2009

A HISTÓRIA, O HOMEM E O COMPUTADOR

Em todas as sociedades históricas existiram tecnologias para o condicionamento da sobrevivência e o aprimoramento do trabalho humano. O homem necessitou de exercitar o cérebro construindo engenhocas a fim de desenvolver técnicas de melhoramento de suas atividades. Foi, desta maneira, que surgiram as primeiras máquinas de somar na China, as técnicas da medicina egípcia, os jogos da Grécia Antiga, os aparelhos mecânicos dos séculos XV e XVI da expansão ultramarina e até os aparelhos de tecelagem manual dos séculos XIX e XX. No nosso caso, o século XXI é praticamente dependente de suas tecnologias e a base de tudo isso, isto é, a “respiração” do mundo globalizado atual é o computador.
O contexto histórico do surgimento do computador não foi muito feliz, pois esta máquina, na tentativa de se aproximar das representações lógicas do cérebro humano, surgiu em meio a Segunda Guerra Mundial. Durante a guerra, era necessário criar máquinas que reproduzissem as tabelas e gráficos para o lançamento automático de projeteis.
Em 1946, foi criado o ENIAC (Eletronic Numerical Integrator and Calculator), aquele famoso computador de grande porte, projetado para desenvolver cálculos matemáticos mais complexos, nos quais as antigas máquinas de somar não resolviam. Foram elaboradas, porquanto, novas “lógicas matemáticas” que permitiam resoluções de problemáticas como, por exemplo, raiz quadrada e potenciação.
Em seguida, o mundo entrou no período da Guerra Fria e os EUA e a U.R.S.S disputavam a hegemonia ideológica do mundo e o poderio bélico de seus países através das produções científicas. Neste contexto, foi criada a bomba atômica e desenvolvidos armamentos altamente destrutíveis, de sorte que o mundo vivia amedrontado em meio a tantas ameaças capitalistas versus socialistas. Em 1951, o computador passou a ser distribuído em série e somente a partir dos anos 70 e 80 chegou em países como o Brasil. Sendo válido ressaltar que, o Museu “Ruy Menezes” possui em seu acervo expositivo um Computador Prológica de 1983.
A evolução do computador atravessou as expectativas da humanidade e cada vez mais nos surpreende, seja pelo tamanho cada vez menor ou pelas múltiplas funções encontradas em uma única máquina. Por fim, tudo seria perfeito se esta tecnologia fosse bem distribuída e toda população tivesse acesso e conhecimento sobre esta ferramenta, na qual passou por um processo histórico desde tempos antigos para, enfim, desembocar na era atual e auxiliar nossa própria “vivência”. Só é preciso que a humanidade saiba discernir as limitações entre “homem” e “máquina”, mas isso já é outro assunto...

REFERÊNCIA: Enciclopédia Prática de Informática. Editora Abril: 1984.

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO" (BARRETOS/SP), EM 25 DE SETEMBRO DE 2009.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

O SEGREDO DE CABO VERDE

A África é um continente, antes de qualquer coisa, persistente e resistente. Resistente no sentido de que mesmo com todo o contexto histórico da colonização horrenda que vivenciou, persiste hoje no desenvolvimento de muitos de seus países. A imagem da África lançada pela mídia como um continente subdesenvolvido e passível de violência é o que infelizmente fica na mente de muitas pessoas e as fazem ingerir um preconceito deslumbrado. É claro que violência, fome e miséria estão presentes neste continente, assim como em vários outros países, mas a África conta com a busca da união e da identidade de seu povo para ascender a chama do desenvolvimento.
Para desvendar tamanhos preconceitos quanto à imagem da África, muitos africanos estão presentes no mundo todo e através de conferências ou simples palavras demonstram a evolução de seu continente. Um destes célebres africanos é o Sr. Daniel António Pereira, Embaixador do Cabo Verde no Brasil, no qual proferiu uma palestra sobre seu país e argumentou sobre a história de Cabo Verde e sua situação atual.
Cabo Verde, como o Brasil, foi colônia de Portugal por muitos séculos e o motivo maior da colonização certamente foi sua posição geográfica, que na época eram dez ilhas isoladas no Atlântico. Assim sendo, tornava-se fácil o tráfico negreiro dos escravos ladinos e a rota marítima para a exploração dos demais territórios africanos. As ilhas de Cabo Verde somente se unificaram e conseguiram a Independência em 1975 e, a partir de então, os caboverdianos puderam lutar em prol da nação. Este momento pós-independência criou oportunidades para a população de Cabo-Verde, que, puderam construir o país a seu próprio modo. Foi então que o Sr. Daniel, jovem na década de 70, resolveu graduar-se em História e interessou-se em estudar a história de Cabo Verde, que outrora era somente contada pela História de Portugal. A história de Cabo Verde foi então construída através de pesquisas científicas feitas pelo próprio Sr. Daniel e outros.
Hoje, o país possuí 10% de analfabetos (rumo ao 0%), expectativa de vida de 69/72 anos, taxa de mortalidade baixa e estrutura tecnológica em ritmo de avanço com as fibras-ópticas submarinas. De acordo com o Embaixador, o segredo do ritmo do desenvolvimento de Cabo Verde está na aplicação total do investimento internacional no progresso próprio do país, isto é, sem desvios de verbas, sem corrupção! Cabo Verde, porquanto, é um dos exemplos dos países africanos que estão em via de desenvolvimento e, por maiores que foram as conseqüências do desastre colonial, conseguiram se unirem e superar os problemas iniciais. Que isto sirva de exemplo a nós, brasileiros, tão grandes em território, mas tão pequenos em identidade e união.

REFERÊNCIA: Palestra do Sr. Daniel António Pereira em Bebedouro em 11/09/2009.

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO" (BARRETOS/SP), EM 18 DE SETEMBRO DE 2009.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

IMPERADORES DE UM BRASIL (II)



Depois de relatar algumas linhas sobre o primeiro Imperador do Brasil, Pedro I, nesta semana de comemoração da Independência do Brasil, voltemos o olhar àquela que tanto surpreendeu os brasileiros do século XIX, mas que é pouco citada nos livros didáticos de História: a imperatriz Maria Leopoldina. Seu nome era Maria Leopoldina Josefa Carolina de Habsburgo-Lorena, arquiduquesa da família Habsburgo-Lorena, filha do Imperador da Áustria Francisco I e irmã de Maria Luísa, casada com Napoleão I. Era dona dos mais finos costumes, princípios religiosos e apreciadora das ciências e artes.
Agora, imaginemos esta nobre arquiduquesa chegando ao Rio de Janeiro em 1817, com 20 anos de idade, para casar-se com o príncipe português que ela não conhecia. Pois é, assim foi a chegada da futura imperatriz brasileira na capital do Império, contam os especialistas que ela se assustou inicialmente com os aspectos físicos dos brasileiros e depois com seus costumes muito distintos da cultura européia. Contudo, adotou o povo brasileiro como “seu” a partir do momento em que tomava as poucas e sábias decisões no governo do marido Dom Pedro I.
Todavia, o contraste de personalidades entre Maria Leopoldina e Pedro d’ Alcântara entrou logo em evidência e era notável a fina educação da imperatriz versus os maus modos do imperador. Tiveram sete filhos (mas, nove partos) ao longo de nove anos: Maria da Glória, Dom Miguel, Dom João (ambos falecidos quando bebês), Januária, Paula Mariana, Francisca e Pedro d’ Alcântara. Sua vida no Brasil durou muito pouco, apenas nove anos, e nas cartas que escrevia à irmã era perceptível a vida depressiva que vivia por conta das aventuras de Dom Pedro I com suas amantes, em destaque Domitila de Castro, com quem teve quatro filhos. Faleceu durante o último parto em 11 de dezembro de 1826, no Rio de Janeiro, mas seus restos mortais estão no Parque do Ipiranga em São Paulo ao lado dos do Imperador.
Em contrapartida, a nobre cultura e educação zelada por Maria Leopoldina deixaram-nos alguns objetos de História Natural e Zoologia guardados em seu gabinete, que, mais tarde seu filho, Dom Pedro II, doou ao Museu Nacional com o título de “Coleção Imperatriz Leopoldina”. Em relação a seu filho Pedro II, o historiador J. Murilo de Carvalho ressalta: “Embora D. Pedro II não tenha tido oportunidade de conviver com a mãe, os dois se assemelhavam em muitos pontos. Era-lhes comum o amor aos livros e à ciência, especialmente à astronomia. Tinham também em comum a obsessão pelo cumprimento do dever e buscavam refúgio no estudo quando atormentados pelo tumultuar dos sentimentos”.
Maria Leopoldina, Imperatriz do Brasil, Rainha Consorte de Portugal e Arquiduquesa da Áustria, além de todos seus títulos, foi a primeira “mãe” do povo brasileiro, uma européia culta, que fez das terras americanas a sua pátria.

REFERÊNCIAS:
Revista “Leituras da História”. 1º semestre de 2009.
CARVALHO, José Murilo de. Dom Pedro II: ser ou não ser? Cia. das Letras: 2007.


ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO" (BARRETOS/SP), EM 11 DE SETEMBRO DE 2009.

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

IMPERADORES DE UM BRASIL (I)



O feriado próximo é referente à “Independência do Brasil” proclamada oficialmente em 07 de setembro de 1822; para recordarmos, quem nunca ouvir falar das famosas palavras de Pedro I às margens do rio Ipiranga: “Independência ou morte!”? Muitos comentários e recentes estudos rodeiam este fato relatando que este “grito do Ipiranga” foi puramente oficial, já que naquele dia chovia muito em razão do clima tropical paulista. O fato é que, com a Proclamação da Independência o Brasil deixou de ser colônia de Portugal e deu o primeiro passo em direção a sua liberdade, agora se isso se concretizou... já é outro assunto. A intenção deste artigo é relatar um pouco não sobre o fato histórico em si e sim sobre os personagens mais falados neste assunto: o imperador Dom Pedro I, a Imperatriz Maria Leopoldina e a família real.
É claro que estas poucas linhas não narrarão a vida de Pedro de Alcântara Francisco Antônio João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon, mas pelo menos teremos a chance de recordar parte da extravagante biografia do primeiro Imperador do Brasil. Nasceu em 12/10/1798 e era filho de Dom João VI de Portugal e Carlota Joaquina da Espanha. Conquistou o título e foi aclamado Imperador do Brasil em virtude de ter sido o patriarca da Independência do país e seu defensor perpétuo.
Recentemente foi lançado o livro “Dom Pedro I: um herói sem nenhum caráter” pela escritora Isabel Lustosa e ela anuncia: “De personalidade turbulenta e mal-educado, Pedro de Bragança e Bourbon tinha tudo para ser um péssimo governante. Em certo sentido foi – dizendo-se liberal, exerceu o poder de maneira autocrática, dissolveu a Constituinte que ele mesmo convocou, humilhava os aliados e amigos, quando no Brasil se cercou de uma corja de dar medo (...)". Porém, por essas e outras, deixemos por conta da nossa interpretação individual os erros e acertos da política de Dom Pedro I.
Outra discussão sobre a personalidade do imperador é sua obsessão pelos encantos femininos, logo, quem se lembra da minissérie “O Quinto dos infernos”? Com autoria de Carlos Lombardi e exibida em 2002, a minissérie global retratava o cotidiano da família real brasileira e as peripécias do imperador. Naquelas imagens já notávamos a personalidade excêntrica de Pedro I, o aventureiro, mas, por vezes, sofredor da epilepsia.
Por fim, digamos que estas linhas foram realmente muito breves em tratar da nossa família real, por isso, continuaremos a escrever na semana que vem sobre as aventuras de Pedro I e a nobre Imperatriz Maria Leopoldina. Um casamento arranjado, sete filhos e um império recente, o nosso Brasil... esta era a vida na corte imperial.

REFERÊNCIAS:
LUSTOSA, Isabel. Dom Pedro I: um herói sem nenhum caráter. Cia. Das Letras: 2006.
CARVALHO, José Murilo de. Dom Pedro II: ser ou não ser? Cia. das Letras: 2007.


ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO" (BARRETOS/SP), EM 04 DE SETEMBRO DE 2009.