terça-feira, 22 de maio de 2018

CEM ANOS DO “ÁLBUM DE BARRETOS” (PARTE 3)

ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª ESP. KARLA O. ARMANI MEDEIROS, EM 22 DE MAIO DE 2018, NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS", PÁGINA 2 


            Seguindo nossa série sobre o centenário “Álbum de Barretos” de Absay de Andrade, extrato do volume 1 (Monografias Paulistas) da obra “Os estados do Brasil” do mesmo autor, nos atentaremos sobre o estilo literário, informativo e histórico do álbum.  
            O autor denomina seu trabalho como “monografia de Barretos”, e assim podemos refletir sobre esse conceito. Genericamente, hoje “monografia” é um trabalho acadêmico baseado em problematizações de um tema, discussões teóricas e comprovações científicas. O que não era o caso do álbum. O sentido de “monografia” ali descrito era ainda aquele conceito preso ao século XIX, das antigas corografias (escritas pelo IHGB), em que escritores descreviam aspectos históricos, geográficos, sociais, econômicos e políticos de certas localidades atrelados a discursos de valorização da tradição, de personagens políticos, de um passado glorioso, de um solo próspero e assim por diante.
            De fato, o “Álbum de Barretos” se assemelha neste contexto, mesmo porque era comum entre os autores daquela época escrever enaltecendo a “tradição do passado” e a “modernidade do presente”. Como exemplo, o autor escreve notas sobre os anos 1900, tais como: serviços públicos e membros, pecuária, frigorífico, estatísticas populacionais, via férrea, companhias de transporte, serviços de telefone e correio, melhorias urbanas (calçamento, luz elétrica, água), instituições civis, militares e culturais (teatros, Santa Casa, UECC, Tiro de Guerra, escotismo, Guarda Nacional), imprensa, escolas, comércio e a indústria, etc. Porém, em partes sobre a história da cidade, seus recursos naturais/geográficos e o culto católico, aparecem textos específicos do Cel. Jesuíno da Silva Mello, do Prof Fausto Lex e do Padre José Martins - especialistas em tais temas.
            O Álbum de Barretos contava com mais de 50 páginas contendo diversas fotografias do centro da cidade, suas instituições, membros da elite política e propagandas de suas casas comerciais, industriais e bancárias; além de índice com nomes e contatos dos principais profissionais liberais da cidade. O que isso poderia indicar? Pensemos.
            (Fonte: arquivos da Biblioteca Mário de Andrade e do Arquivo do estado de SP).

terça-feira, 15 de maio de 2018

CEM ANOS DO ‘ÁLBUM DE BARRETOS” (PARTE 2)

ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª ESP. KARLA O. ARMANI MEDEIROS, EM 15 DE MAIO DE 2018, NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS", PÁGINA 2 


           Em continuação ao artigo anterior, seguimos com a pesquisa sobre o “Álbum de Barretos” de 1918; uma das mais antigas fontes históricas barretenses.
            Tal álbum tinha a autoria de Absay de Andrade, o qual colocara abaixo de sua assinatura os dizeres: “das Sociedades Paulista de Agricultura e Scientifica de S. Paulo”. Ainda na primeira página, vê-se que a publicação pertencia ao 1º volume da obra “Os estados do Brasil – das monographias paulistas”. E de fato, Absay era autor deste livro maior, visto reportagem publicada no jornal “Correio Paulistano” de 15/10/1918, que destacava a presença do autor em Cajobi fazendo propaganda de sua obra. No fim da nota, o jornal explicava sobre uma parte finalizada do livro: “Trata-se de um álbum das cidades de Barretos, Jaboticabal, Bebedouro, Monte Azul, Olympia e Cajoby” (Arquivo da BN).
            Diante o exposto, torna-se compreensível as várias vezes que o autor evidencia nosso município como um local de grande prosperidade não só pela economia local (a tão citada “pecuária”), mas também por brilhar “entre as estrelas aurifulgentes do opulento Estado de S. Paulo” (p. 4). Em diferentes partes da monografia, o escritor integra Barretos num discurso sútil de identidade paulista; assim como faz com as demais cidades. Era um registro de interação desta zona paulista; então conhecida como “noroeste paulista”.
            Quando o álbum foi escrito, era presidente do estado de SP (governador) o sr. Altino Arantes, e secretário de Agricultura o sr. Cândido Motta. Personalidades políticas as quais o autor nutria relações sociais e políticas, não só por pertencer ao mesmo partido político, o PRP, mas por ter sido prefeito de Igarapava (SP) entre os anos de 1911 a 1915. Mais que político, Absay foi advogado, promotor público e era citado nos jornais como jornalista e membro da Guarda Nacional (major e coronel) entre as décadas de 1910 e 1920. Casado com a sra. Malvina da Silva Andrade, ele morou em várias cidades do estado de SP e de MG, como Uberaba, Santa Rita do Paraíso, Catalão, Jardinópolis, Ribeirão Preto, Jaboticabal, Itajobi, entre outras.
            Além da integração do noroeste paulista destacada pelo seu autor, quais seriam os demais assuntos do álbum? Aguardemos a próxima semana!

quarta-feira, 9 de maio de 2018

CEM ANOS DO ÁLBUM “ASPECTOS DE BARRETOS” (PARTE 1)

ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª ESP. KARLA O. ARMANI MEDEIROS, EM 8 DE MAIO DE 2018, NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS", PÁGINA 2 

Em formato de album illustrado, vem de apparecer este interessante e bem lançado trabalho sobre o prospero municipio de Barretos. [...]. A uberrima zona barretense, com os seus homens, a sua historia, o seu commercio, a sua industria e tudo que lhes diz respeito, mereceram cuidadas referencias. E, além disso, innumeras são as nítidas photogravuras do texto, as quaes contribuem grandemente para maior beleza e valor da monografia”. (Correio Paulistano, 17/8/191, p. 3, grafia da época).

A citação do jornal paulistano de 100 anos atrás talvez não esperasse uma “republicação” no futuro. Porventura, o jornalista não imaginava que suas palavras narravam uma das mais importantes fontes históricas sobre Barretos: o “Álbum Aspectos de Barretos”, escrito em 1918, por Absay de Andrade.
Registrar sobre a história, cultura, política, sociedade e economia de uma cidade não é tarefa somente de historiadores e nem prática encontrada só em jornais. Os centenários anos de Barretos já foram marcados em vários livros, álbuns e jornais. Mas neste mês, em especial, trataremos dessa publicação importante sobre nosso município e o estado paulista. A intenção é escrever sucessivos artigos analisando o álbum como ele merece: como fonte histórica, e não como mero receptáculo de informações sobre a época.
Pelo jornal citado acima neste artigo, é possível perceber que se tratava de um álbum repleto de assuntos diversos sobre Barretos naquele ano de 1918, além de belas fotografias do centro de nossa cidade; a qual na época passava por período de relativa prosperidade econômica em função da pecuária. Inclusive, muitas fotografias deste álbum eram formosos cartões postais de edifícios particulares, instituições e praças. E tais cartões, alguns pertencentes ao acervo do Museu “Ruy Menezes”, são até hoje usados em trabalhos acadêmicos e literários, exposições culturais e exibições públicas.
Depois da apresentação do jornal apontado de 1918 e deste que você lê em 2018, ficam as questões: o que o álbum trata? Por qual motivo foi escrito? Quem era esse autor? Pois bem, estes serão os assuntos para os próximos artigos. Aguardem!

Fontes: Arquivos do Museu Ruy Menezes e da Biblioteca Nacional.

terça-feira, 1 de maio de 2018

OS IMORTAIS 35 ANOS DA ABC

ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª ESP. KARLA O. ARMANI MEDEIROS, EM 1º DE MAIO DE 2018, NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS", PÁGINA 3 
Logo da ABC (imagem do facebook oficial da ABC)


“Aqui temos inestimáveis valores artísticos, que viviam esparramados, sem que haja congraçamento, sem uma entidade para regularizar essas situações. Por isso, considero um grande esforço a criação da ABC” (Ruy Menezes, O Diário, 6/5/1983, p.1).

            E lá se foram 35 anos destas palavras do jornalista Ruy Menezes saudando a criação da Academia Barretense de Cultura; aniversariante de hoje! Palavras proferidas por um de seus fundadores, os quais, em 1983, uniram-se em torno da fundação de uma academia que de fato transitasse todos os verbos que a cultura merecia: promover, disseminar, difundir, alcançar, realizar! E conseguiram! Pois seus fundadores não eram apenas intelectuais, mas sim promotores e receptores de saberes, de arte, de reflexão!
            Desde o início do século XX, Barretos se mostrou uma cidade inquieta por cultura, fosse por eventos com esse viés, teatros ou agremiações e grupos geradores de debates filosóficos e artísticos. Mas uma Academia, mesmo, só foi de fato concretizada naqueles anos 80, quando os fundadores da ABC perceberam que nossa terra tinha muito mais a oferecer e a estudar sobre cultura. Afinal, como não criar uma academia numa cidade em que viveram ícones como Euníce Spíndola, Jorge Andrade, Silvestre de Lima e tantos outros? Seria uma injustiça com a própria história de Barretos não existir uma instituição que de fato imortalizasse a obra de tantos imponentes personagens dos saberes culturais.
            Assim nasceu a ABC, com a difícil missão de manter vivo o legado de seus 40 de patronos (homens e mulheres). E mais! Ir além, atuando como veículo para seus membros pensarem e promoverem novas formas de alcance da cultura, de modo que todos os saberes (e sabores) da arte, da ciência e do conhecimento sempre estivessem presentes no cotidiano dos barretenses. Desta forma, a ABC se mantém (muito!) ativa com as dezesseis edições do Concurso Nacional de Contos “Prêmio Jorge Andrade” e suas seis coletâneas com os melhores contos, o grande acervo da Pinacoteca Poética e da Biblioteca “Olivier. W. Heiland”, além de suas atividades constantes de lançamento de livros, palestras, cinema comentado, exposições, os saraus “Arte dando Canja”, dentre muito mais.
Imortais não são somente as obras dos patronos e acadêmicos da ABC, imortais são as alegrias e reflexões promovidas pela Academia ao povo de Barretos. Imortais são os anos de tamanha dedicação àquilo que torna a humanidade mais evoluída: a cultura.