terça-feira, 24 de novembro de 2020

A BARRETENSE THEODOSINA R. RIBEIRO

 ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 24 DE NOVEMBRO DE 2020 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS     

 

Theodosina Rosário Ribeiro
Fonte da imagem: Google.

            Era barretense a primeira mulher negra vereadora na cidade de São Paulo e deputada estadual à Assembleia Legislativa paulista. (Sim, volte os olhos e leia de novo). Chamava-se Theodosina Rosário Ribeiro, nascida em 29 de maio de 1930, em Barretos; mais tarde, formou-se em Letras e Direito. Elegeu-se vereadora em São Paulo, com a 2ª maior votação pelo MDB, no ano de 1968; e, em 1970, foi eleita à ALESP como a primeira deputada estadual negra, a 5ª mais votada, desdobrando-se em três mandatos, sendo deputada de 1971 a 1983. Faleceu em 22 de abril deste ano.

            Em entrevista ao Portal da Câmara Municipal de São Paulo, ela declarou: “Nasci em Barretos, interior do estado de São Paulo. Papai, naquela época era comandante de destacamento e à medida que se terminava naquele local o trabalho dele, era removido para outras cidades. Então muito pequena estive em Barretos, Araraquara, Pirassununga e vim para São Paulo com 8 anos”. Ela contou que seu pai, um homem negro, getulista, comandante de destacamento da Força Pública era respeitado, apesar do problema racial, pois era um autodidata e conseguiu respeito no cargo que ocupava. Lembrou que a irmã, aos 25 anos, tornou-se a primeira professora negra em Pirassununga.

            Em São Paulo, Theodosina formou-se professora e passou em concurso público como diretora de escola; algo que para ela seria um meio de amenizar o racismo. Com apoio de seu marido, foi incentivada pelo deputado federal Adalberto Camargo, o primeiro negro eleito como deputado por SP, a ingressar à política. “Fiz um trabalho muito grande em relação às mulheres, à educação, e juntamente com as mulheres negras”, disse. Seu trabalho e ação frente à educação, às mulheres e à população em situação de vulnerabilidade repercutiu na criação da Medalha “Theodosina Rosário Ribeiro”, em 2013, pela ALESP.

No mês da Consciência Negra, é necessário que conheçamos vidas como a de Theodosina, cuja biografia é linha a linha pelo bem das mulheres negras.


Fonte: 

Entrevista com a Sra. Theodosina Rosário Ribeiro no site da Câmara Municipal de São Paulo.

terça-feira, 10 de novembro de 2020

BARRETOS E SEUS PREFEITOS

 ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 27 DE OUTUBRO DE 2020 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS  

Sede do Paço Municipal de Barretos, inaugurado em 1907.
Atual, Museu "Ruy Menezes"

            É reta final da eleição municipal de 2020, que neste ano ocorrerá na comemoração da República. 15 de novembro parece ser o dia propício ao eleitorado ir às urnas.

            Nossa cidade tem 166 anos de fundação oficial e 130 anos de criação da comarca. Ou seja, somente em 1890, o antigo “arraial dos Barreto” se tornou “comarca”; então instalada pelo Conselho de Intendência. Em 1892, com a origem da Câmara, foi eleito, entre os vereadores, o primeiro Intendente Municipal, o mineiro Raphael da Silva Brandão. Em 1906, o advogado cearense Antônio Olympio Rodrigues Vieira era o primeiro a ganhar a denominação “prefeito”, e criava-se o cargo de vice-prefeito.

            De 1892 até 2020, 41 prefeitos administraram a cidade em cerca de 59 mandatos. Todos homens. Cada qual a seu contexto, demonstrando que Barretos passou por diversos estágios, entre conquistas e rivalidades. À época da República Velha, onde imperava o coronelismo, 13 prefeitos foram eleitos dentro daquele sistema clientelista; entre eles, Antônio Olympio e Silvestre de Lima se destacaram como líderes antagonistas. A partir de 1926, Riolando Prado assume um mandato dissidente que pôs fim à era coronelística. No entanto, a década de 1930, urbanisticamente importante, foi gerida por 10 prefeitos, numa agitação característica do governo interventor de Getúlio Vargas, finalizado por Fábio Junqueira Franco (prefeito por 7 anos seguidos). Muito prefeito para pouco tempo, finalizando com um prefeito para muito tempo. E a Câmara extinta.

            No período democrático de 1945 a 1964, Barretos somou 9 prefeitos. Já no período da ditadura militar, 1964-1985, a cidade contou com 6 prefeitos e vices que, entre alternância e reeleição, administraram Barretos. Desde a Constituição de 1988 e a redemocratização, a partir de Ibraim Martins da Silva, contamos com 6 prefeitos.

            Para 2020, como esperamos a sucessão municipal? Qual o perfil do/a novo/a administrador/a? Qual o sentido do novo governo? Isso só a História responderá, a partir de domingo; dia da nossa República.


Fonte:

Análise cronológica a partir da galeria de Intendentes e Prefeitos da obra: ARMANI, K.; FERNANDES, S.; TINELLI, R.; TRUCULLO, P. Descobrindo Barretos: 1854-2012, 2012.

RAPHAEL BRANDÃO: O PRIMEIRO PREFEITO

 ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 27 DE OUTUBRO DE 2020 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS             

Raphael da Silva Brandão
Fonte: Galeria de Prefeitos do Museu "Ruy Menezes"

Em época de eleição municipal cresce o interesse pela história política da cidade. O barretense tem na memória a figura de prefeitos mais recentes, mas pouco conhece a respeito dos primeiros chefes do Executivo. Assim é o caso do nosso primeiro Intendente Municipal, Raphael da Silva Brandão, que em Barretos assumiu a Intendência em 1/10/1892 até 9/1/1894, sendo vereador em diversos mandatos. Provavelmente, além de ser nosso primeiro prefeito, foi também o mais jovem. Era mineiro, nascido em 3/2/1864, em São José dos Botelhos, e, aos 2 anos, junto ao seu pai Luiz Brandão e Filomena Tortorela, italianos, foi para Uberaba, onde era mascate e vendia diversos artigos pelos rincões do Triângulo Mineiro.

            A história de Raphael Brandão na cidade se assemelha a de outros figurões políticos na transição do século XIX para o XX, os quais vieram de outras localidades, compuseram amizades com líderes locais e tão logo entraram para a política. Assim foi com Raphael Brandão ao atravessar o Rio Grande e praticar comércio nas terras paulistas, onde quis fixar-se de imediato. Era 1885 quando saiu de Uberaba/MG e veio morar em Barretos, lugarejo em que se tornou amigo e companheiro do Cel. João Carlos de Almeida Pinto, a esta altura um forte líder político local.

            Com esta amizade, tornou-se conhecido social e politicamente dos moradores da cidade, casando-se com a filha do maestro Gomide, a sra. Veridiana Gomide Brandão, com a qual teve 5 filhos. Pelo ciclo social e político, firmou-se como membro do diretório do Partido Republicano local e fora nomeado para os cargos de Delegado de Polícia e Juiz Municipal. Não tardou para ser eleito como vereador e, como praxe, Intendente Municipal, o primeiro prefeito após a instalação da Comarca. A qual, foi finalmente instalada também por sua atuação junto ao líder republicano paulista Alfredo Ellis. Como político local, sensibilizou-se com a questão alimentícia dos presos e com a criação do novo cemitério. Foi nomeado como Coronel da Guarda Nacional em 1910 e Coletor Federal em 1914, aposentando-se pouco antes de sua morte, em 26/12/1935.