
Leitores, o que vocês pensam sobre aquela famosa linha do tempo que divide a História somente em marcos importantes? Os acontecimentos políticos de certa forma definiram os períodos da Pré-História, Idade Antiga, Idade Média, Idade Moderna e Idade Contemporânea. O período anterior ao surgimento da escrita humana ficou conhecido como “Pré-História”, como se nesta ocasião o homem não fizesse parte da história, descartando o significado de História como o estudo do homem e sua relação com as transformações do tempo.
Posteriormente, os marcos políticos e digam-se de passagem, europeus, tornaram-se os fatores desencadeadores de um tempo passado para o futuro. É como se o fim do Império Romano do Ocidente, a queda de Constantinopla e a Revolução Francesa ditassem o fim de uma era e de repente regessem as regras da nova geração. É claro que estes fatos foram importantes e até desenvolveram novos hábitos à humanidade, a própria Revolução Francesa irradiou seus ideais em várias partes do mundo. Mas, o que de fato move o tempo da História e faz com que surja uma nova era?
Esta questão é discutida há muito tempo e gera inúmeras reflexões, entretanto, vamos nos ater à “mentalidade” do homem, aquilo que muda mais lentamente, a resistência muda das coisas, as idéias, a cultura, a tradição. Este é o ponto que explica alguns hábitos que possuímos hoje e que surgiram num passado muito distante, porque independente do tempo histórico que vivemos somos parte da mesma espécie e compartilhamos dos mesmos costumes. Por exemplo, em vários momentos da história existiram homens e mulheres que desafiaram a mentalidade de uma época e inovaram seu próprio meio. Entre muitos estão, Jesus Cristo, Alexandre O Grande, Galileu Galilei, Joana D´Arc, Marie Curie, Santos Dumont, Einsten, Gandhi, Che Guevara e outros revolucionários.
Estes exemplos mostram que nenhuma era é mais ou menos atrasada ou adiantada que outra, o tempo não é linear e continuo, pelo contrário, é circular e complexo. Hoje, e quiçá no futuro, temos e teremos hábitos que foram originados na Idade Média ou até antes, como o casamento, a música, a desigualdade social e a tradição da religiosidade humana. Estas práticas são baseadas em fatores ligados desde a divisão social do trabalho até uma desenfreada tendência de moda.
Porquanto, a História, através do estudo das mentalidades, permite um diálogo entre os tempos passado, presente e futuro a fim de que possamos conhecer deveras os pontos em comum dos homens. O que marca a história não é o “fato em si” e sim a junção deste com o próprio homem que transforma a mentalidade da sua era, atualiza o seu meio e expande seus horizontes.
ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO" (BARRETOS/SP), EM 31 DE JULHO DE 2009.
2 comentários:
Bem, acredito que essa ditática de estudo da história, está ligado a falta de visão das pessoas e a precarização do ensino.
Devemos reconhecer que com este método e um pouco de percepção, é possível criar uma noção de mundo, porém é um modo resumido, e incompleto de estudar história.
Outro ponto levantado, é que são os acontecimentos da Europa que determinam a linha do tempo. Acredito que isso é reflexo da natureza humana, de sempre ver as coisas do seu ponto de vista, querendo ou não, foi onde a história de nossa civiliação começou, e toda vez que se faz menção a outros povos, é da relação deles, com a cultura ocidental.
Admiro sua crítica, e tenho a mesma visão, e graças a evolução, temos todas as "armas" para nos libertar desse "mal", globalização, técnologia em telecomunicação e transporte podem nos propiciar informações da maioria das culturas, para que possamos estudá-las e analizá-las com todo critério que o noss conhecimento nos permite.
Bom, acho que chegar por hoje, Beijo Karla, gosto muito dos seus textos!
Traple
Muito obrigada Traple! Você como sempre arrasa em seus comentários.
Realmente, a história tradicional é sim um método até "eficaz" de se criar percepção da noção de tempo e espaço geográfico, principalmente sob crianças e adolescentes que estudam História. Se fosse o contrário, como nós teríamos aprendido alguma coisa não é mesmo?
Contudo, felizmente a metodologia de ensino das ciências humanas em geral está sendo modificada com o tempo e a tendência é sempre aproximar nós mesmos da nossa própria realidade.
É claro que a História da Europa será a referência-mor, não devemos negar que por conta da expansão ultramarina, de um modo nada benéfico, ela acabou por pelo menos nos colocar "no mapa".
Mas, o que devemos sempre salientar é a história do nosso próprio país e principalmente a nossa cultura. Pesquisar, comparar, analisar, criticar e argumentar, este é o novo lema de estudo da História.
Abração pra você e muito obrigada pelo sua participação.
KARLA ARMANI.
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