quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

CAMPANHAS NO PASSADO E NO PRESENTE: A PARTICIPAÇÃO DA COMUNIDADE

ARTIGO PUBLICADO POR KARLA O. ARMANI NA REVISTA "AÇÃO E VIDA" DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA DE BARRETOS - 9/1/2011

           
A realização de campanhas para arrecadação de donativos em prol da Santa Casa de Barretos não surgiu somente nos dias de hoje. Sabemos que, nos dias atuais, uma das várias formas de participação da comunidade em auxílio ao hospital de Barretos é doando as quantias optativas a partir de 2 reais adicionadas na conta de água. Mas, belas iniciativas como esta surgiram há tempos atrás...
                Desde a década de 20, era muito comum a organização de rifas e vendas de ingressos de eventos culturais em favor da Santa Casa de Barretos. Em 1924, a corrida contra o tempo era para vender os ingressos que rifavam um automóvel chiquérrimo da época: um Ford. Também no mesmo ano foi organizada uma competição esportiva entre os médicos e contadores da Santa Casa, na ocasião seriam realizados os seguintes jogos: corrida de agulha, corrida em saco, corrida de três pernas e corrida de bicicleta. Para assistir tal “espetáculo” a comunidade pagaria os ingressos e tal produto seria revertido à Santa Casa. Em 1933, a rifa em prol da Santa Casa e da Capela Santa Isabel foi realizada por um sorteio de uma “Geladeira General Eletric” e o ganhador foi o sr. Orival Leite.
                Dentre tantas colaborações, uma que se destacou foi a ideia do então prefeito de Barretos e membro da Mesa Administrativa da Santa Casa, o sr. Riolando de Almeida Prado. Este, em fins da década de 20, sugeriu ao proprietário do antigo Teatro Eden que se cobrasse a quantia de quatrocentos réis a mais em cada bilhete de entrada das sessões realizadas no mês de agosto daquele ano. Muitas pessoas gostaram da ideia de contribuir com a Santa Casa de uma maneira tão simples, porém outras começaram a reclamar do aumento do ingresso. Foi então que o dr. Riolando pediu ao proprietário do Teatro que cancelasse tal campanha e assim o fez. No entanto, uma nova ideia surgiu por parte do mesmo proprietário, o sr. Adolpho Veloso, tratava-se “Dia da Santa Casa”. Todos os dias 25 de cada mês eram reservados a um espetáculo especial e as verbas arrecadadas deste espetáculo eram em benefício da Santa Casa. O anúncio de propaganda do “Dia da Santa Casa” no jornal “O Popular” assim dizia: “... um appelo aos corações do povo de Barretos, para que, nesse dia, perdendo um pouco o amor a uns tostões, corra, todos ao encontro da bella quanto elevado iniciativa do Sr. Adolpho...”.
                No ano de 1927, a famosa Festa do Divino realizava uma bela quermesse de quatro dias em prol da Santa Casa de Barretos. E o anúncio do jornal exclamava: “Que o povo de Barretos, tão bom e generoso, não medindo sacrificios, accorram aos quatro dias da kermesse pró Santa Casa, levando o auxilio precioso para aquelles desherdados da fortuna que curtem amargas dores, nos leitos do hospital”.
                Conforme as décadas se passavam, muitas quermesses foram realizadas ano a ano em favor do hospital, principalmente nos anos cinquenta. As atas revelam a preocupação dos administradores da instituição em fazer as quermesses nas épocas mais propícias do ano, quando não estaria muito frio e agregasse boa parte da comunidade barretense. Além disso, em 1953, o mesário José Tedesco, ex-provedor, sugeriu que fosse criada a “Comissão dos Brotinhos”, isto é, uma pequena liga que cuidaria para que as quermesses sempre estivessem cheias de moças e rapazes; popularmente conhecidos por “brotos” no alvorecer dos anos dourados.
Com o fluir dos tempos, as respectivas administrações continuaram a fazer rifas, quermesses, eventos e muito mais para garantir a continuidade do nosso hospital. Por fim, muitos anos se passaram, a grafia mudou, as expressões são outras, mas a caridade continua e as campanhas de auxílio ao hospital estão por toda a cidade despertando a generosidade de todos.

REFERÊNCIAS: Acervo jornalístico do Museu “Ruy Menezes” e Atas da Santa Casa de Barretos.

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