quarta-feira, 23 de março de 2011

AS BARRETENSES DE OUTRORA



ARTIGO PUBLICADO POR KARLA O. ARMANI NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS", EM 11 DE MARÇO DE 2011.

            Na semana do Dia Internacional da Mulher muito se falou das conquistas do universo feminino em vários segmentos da sociedade, visto que as mulheres alcançam cada vez mais os espaços que em tempos passados eram exclusivos aos homens. Rotuladas por estigmas, as mulheres passaram a se organizar em movimentos feministas sólidos a partir da segunda metade do século XX, uma época de movimento nas relações econômicas e tecnológicas de praticamente todo o mundo ocidental.
No entanto, há de se ressaltar que estas manifestações feministas não apareceram de um dia para o outro, já em tempos remotos as mulheres se manifestavam de alguma forma, mesmo que isolada e timidamente, rumo ao caminho da igualdade de gêneros. Principalmente aquelas que trabalhavam no campo intelectual como as escritoras, professoras e artistas. Barretos foi um exemplo deste cenário. Na imprensa barretense no início do século XX, praticamente restrita aos homens abastados e donos do poder político, determinadas mulheres foram notícias célebres das primeiras páginas, sendo é claro componentes das classes altas, visto que as mulheres de classes desfavorecidas não eram sequer citadas na imprensa.
A começar pela sra. Noemi Hilda de Mello Nogueira, filha do ex-prefeito Pedro Paulo S. Nogueira, colaboradora do jornal “O Sertanejo” desde seus primeiros números em 1900. Noemi era a única mulher presente entre os colaboradores do jornal e ao que tudo indica escrevia textos e traduzia romances, sendo também diretora de um colégio para meninas naquela época. Outras professoras de destaque eram a Profª Glorinha, que regia a escola onde estudavam as filhas dos coronéis, e a Profª Antonietta de Almeida Prado, que ministrava aulas no Frigorífico.
Como outro relevo encontravam-se as artistas, em principal aquelas donas de talentos musicais, as pianistas. Estas apareciam como honrosas à sociedade barretense, como se fossem verdadeiras jóias a seus conterrâneos. Afra de Lima, filha do Cel. Silvestre de Lima aparece em jornais dos anos 20 só recebendo elogios por participar de vários concertos musicais. Outra que assim era considerada era a sra. Haydee de Menezes, que foi exaltada na imprensa por tocar piano no belíssimo Teatro de Manaus e orgulhar os barretenses. Na mesma época, nos anos 40, a barretense Izolda de Morais Dias, filha do conhecido médico Raymundo Mariano Dias, era a primeira advogada a se formar em Barretos e a primeira mulher paulista a ingressar em concurso do Ministério Público. Além dela, Suzana Dias Leme também foi enaltecida no campo da intelectualidade feminina por ser a primeira barretense formada em filosofia pela USP.
Estas foram algumas das mulheres abrilhantadas pela imprensa barretense numa época patriarcalista, muitas outras deixaram de ser destacadas nos jornais talvez por suas condições sociais. Mas, isso não impediu o avanço feminino nos dias de hoje, pois, mesmo distante, a igualdade de gêneros intenta a caminhar junto à igualdade social. Que as barretenses de outrora sejam um exemplo de luta às mulheres de hoje, assim... como se fosse um espelho a ser refletido na época de agora.  

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