terça-feira, 8 de janeiro de 2019

GIULIETTA DIONESI, A JOVEM VIOLINISTA (PARTE I)

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 8 DE JANEIRO DE 2019 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS

Giulietta Dioenesi em desenho na
Revista "Pantheon"  do Rio de Janeiro,
aos 11 anos de idade.
“Em todos os concertos foi a eximia violinista alvo de admiração e aplausos ruidosos pelo modo fidalgo com que, empanhando o arco, arrancava de seu magico violino, sons maviosos e dulcíssimos. E assim foi: - Guilietta Dionesi com seu adorável violino, ri, soluça, canta e chora...”. (O Sertanejo, 29 de abril de 1905, p. 4).

            Uma pequena nota no jornal mais antigo da cidade despertou-me a curiosidade em conhecer mais sobre essa violinista, Giulietta Dionesi. Tão logo veio a descoberta de uma carreira incrível, mas, uma vida nem sempre feliz. Uma jovem que viveu somente 33 anos, sendo 23 anos dedicados à música profissionalmente. Sua passagem por nossa cidade, Barretos, fez parte desta carreira tão fulgaz, porém vigorosa.
            Italiana, nascida em Livorno por volta de 1877, desde criança iniciou seus estudos na música, influenciada por seu irmão mais velho, o músico Romeo Dionesi. Desde os 10 anos de idade, se apresentava oficialmente em concertos musicais na Itália, Espanha, Portugal e Estados Unidos. (Sim, 10 anos). Era, pois, considerada uma “criança prodígio”, um fenômeno pela pouca idade e grandioso talento. Interpretava Paganini e arrancava aplausos de todo o público, como diz esta nota assinada por um expectador em Coimbra: “Julgamos quase impossível dar uma pequena ideia do gênio phenomenal de Giulieta. Desde que ella fazia vibrar a primeira nota no seu magnifico Stainer, o auditório ficava suspenso, como que arrebatado” (Jornal “Campeão das Províncias”, 30/3/1889, p.2).
            Recebeu calorosos aplausos, inclusive, do Imperador Dom Pedro II, quando se apresentou no Teatro Sant’Anna no Rio de Janeiro, em julho de 1889; pouco tempo depois de chegar ao Brasil junto com seu irmão (há indícios que vieram fugidos do pai). Ademais, foi nesta apresentação que Dom Pedro II sofreu atentado de um republicano radical ao sair do concerto de Giulietta – quatro meses antes da proclamação da República. Era uma menina de 11 anos tocando ao Imperador do Brasil. Uma italianinha, seu violino e o rei. [continua].

Bibliografia:
STARLING, Heloísa M.; SCHWARCZ, Lilia M. Brasil: uma biografia. Companhia das Letras: Rio de Janeiro, 2015.
PRIORE, Mary del. O príncipe maldito: traição e loucura na família imperial. Companhia das Letras: Rio de Janeiro, 2006.

Periódicos
Jornal "Campeão das Províncias", ed. de 30/3/1889. 
Jornal "Diario do Commercio", Rio de Janeiro, ed. de 14/7/1889 (Acervo da Biblioteca Nacional).
Jornal "O Sertanejo", Barretos, edições diversas de 1905 (Acervo do Museu "Ruy Menezes").

Link da publicação no site do jornal "O Diário":
http://www.odiarioonline.com.br/noticia/80715/GIULIETTA-DIONESI-A-JOVEM-VIOLINISTA-PARTE-I

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