ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 14 DE OUTUBRO DE 2020 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS
Escola Municipal em Barretos no ano de 1909, antes de existir o ensino primário obrigatório e gratuito. Fonte: Arquivo do Grêmio Literário e Recreativo de Barretos. |
Quando um historiador entrevista
pessoas mais velhas, geralmente, encontra-se um ponto em comum entre as falas
(independente do gênero e da localidade): o estudo restrito à alfabetização
inicial e ao ensino primário. São poucas as pessoas que até os anos 1940 e 1950
conseguiam avançar para o ginasial e concluir as etapas da escola.
No
entanto, imaginem como era o trabalho dos professores quando nem ensino
primário existia? No caso de Barretos, o ensino primário obrigatório e gratuito
ocorreu a partir de 1912 com a inauguração do 1º Grupo Escolar. Antes disso,
existiam as “escolas isoladas”, que, além de não atenderem a todas as crianças,
enfrentavam uma série de dificuldades estruturais e a falta de apoio dos pais e
de autoridades locais. Um exemplo disso é a carta da Profª Laurinda Escobar de
1890, em Barretos, analisada na tese de doutorado do Profº Humberto Perinelli
Neto, que assim exclamava: “Esta escola até ao presente nenhum auxilio
mereceu, não obstante o vivo interesse que por ella tenho tomado; [...]. Lutando
com a falta de cômodos e condições pedagógicas apropriados ao emprego dos
mettodos modernos, [...] , lamento que ate o presente não tenha baixado um
luminoso decreto, tornando o ensino primário obrigatório. Este palpitante
melhoramento ansiosamente almejado pelo Professorado todo, ávido por ver
coroado seus árduos esforços do mais feliz êxito, alem de arrancar a nossa
sociedade deste estado enervado em que se acha, vem rodear de prestigio aquella
infeliz classe, que actualmente só tem deveres a cumprir sem o mínimo direito a
alegar”.
Interessante como no distante século XIX, a figura do professor já era presente e persistente nos desígnios da Educação. Viva essa persistência!
Fonte:
PERINELLI NETO, Humberto. Nos quintais do Brasil: homens, pecuária, complexo cafeeiro e modernidade - Barretos (1854-1931). -Franca: UNESP, 2009 (tese de Doutoramento em História).
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