quarta-feira, 14 de outubro de 2020

A PERSISTÊNCIA DOS PROFESSORES

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 14 DE OUTUBRO DE 2020 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS 

          

Escola Municipal em Barretos no ano de 1909,
antes de existir o ensino primário obrigatório e gratuito.

Fonte: Arquivo do Grêmio Literário e Recreativo de Barretos.


  Na semana do “dia do professor”, as mais belas homenagens são rendidas a esta classe primordial no desenvolvimento do país. E talvez a justificativa para tanto não esteja somente na memória afetiva dos alunos, mas na capacidade dos professores em acreditar na Educação e lutar pelas melhorias do ensino, independente da época e lugar.

            Quando um historiador entrevista pessoas mais velhas, geralmente, encontra-se um ponto em comum entre as falas (independente do gênero e da localidade): o estudo restrito à alfabetização inicial e ao ensino primário. São poucas as pessoas que até os anos 1940 e 1950 conseguiam avançar para o ginasial e concluir as etapas da escola.

No entanto, imaginem como era o trabalho dos professores quando nem ensino primário existia? No caso de Barretos, o ensino primário obrigatório e gratuito ocorreu a partir de 1912 com a inauguração do 1º Grupo Escolar. Antes disso, existiam as “escolas isoladas”, que, além de não atenderem a todas as crianças, enfrentavam uma série de dificuldades estruturais e a falta de apoio dos pais e de autoridades locais. Um exemplo disso é a carta da Profª Laurinda Escobar de 1890, em Barretos, analisada na tese de doutorado do Profº Humberto Perinelli Neto, que assim exclamava: “Esta escola até ao presente nenhum auxilio mereceu, não obstante o vivo interesse que por ella tenho tomado; [...]. Lutando com a falta de cômodos e condições pedagógicas apropriados ao emprego dos mettodos modernos, [...] , lamento que ate o presente não tenha baixado um luminoso decreto, tornando o ensino primário obrigatório. Este palpitante melhoramento ansiosamente almejado pelo Professorado todo, ávido por ver coroado seus árduos esforços do mais feliz êxito, alem de arrancar a nossa sociedade deste estado enervado em que se acha, vem rodear de prestigio aquella infeliz classe, que actualmente só tem deveres a cumprir sem o mínimo direito a alegar”.

Interessante como no distante século XIX, a figura do professor já era presente e persistente nos desígnios da Educação. Viva essa persistência!


Fonte:

PERINELLI NETO, Humberto. Nos quintais do Brasil: homens, pecuária, complexo cafeeiro e modernidade - Barretos (1854-1931). -Franca: UNESP, 2009 (tese de Doutoramento em História).

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