ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª ESP. KARLA O. ARMANI, EM 4 DE NOVEMBRO DE 2012 NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS"
Leitor amigo, já reparou que boa
parte das escolas, ruas e praças de Barretos tem nomes de coronéis? Sem querer,
nomes como “Cel. Almeida Pinto”, “Cel. Raphael Brandão”, “Cel. Silvestre de
Lima”, entre outros, passam por nosso cotidiano e acabam sendo retidos por
nossas memórias. Mas, quem foram estas pessoas? O que de fato era ser um
coronel? Especulemos então.
A designação “coronel” nada mais era
do que uma patente da Guarda Nacional. Esta instituição, inspirada nos modelos
franceses, surgiu durante o período das Regências no Brasil, em 18 de agosto de
1831. Nesta época, a nação brasileira passava por crises políticas, em razão da
abdicação de Pedro I, e sociais, por conta das revoltas provinciais. Em pelo
menos quatro províncias do Brasil, cinco revoltas abalaram a estrutura
governamental e ameaçaram a unidade territorial. Por isso, o governo regencial
criou a Guarda Nacional – extinguindo os corpos de milícias e a Guarda
Municipal, para garantir a “ordem” e agir quando necessário interna e
externamente no território nacional.
Como de praxe na época, para fazer
parte da lista dos membros da Guarda Nacional, era necessário ter as mesmas
condições para ser eleitor e votante, isto é, homem, maior de idade, com renda mínima
anual, além do alistamento ser obrigatório dos 18 aos 60 anos. Somente os mais
abastados ocupavam as patentes mais altas da Guarda Nacional, como “coronel”,
“major”, “capitão” e “tenente”; títulos disputados entre os mais ricos de cada
localidade. Sendo assim, por muito tempo, os membros das mais altas patentes da
Guarda Nacional eram aqueles pertencentes à elite agrária brasileira, os
fazendeiros, e por isso a designação “coronel” acabou por virar sinônimo de
latifundiário. Além disso, sabe-se que tais coronéis utilizavam de meios
violentos e da “troca de favores” para fazer seus trabalhadores votarem nos
candidatos de seus interesses, depois da Proclamação da República.
Ao longo do século XIX, a Guarda
Nacional contribuiu para a “segurança nacional”, já que o exército brasileiro
só foi remodelado a partir da Guerra do Paraguai (1864). Mas, a principal
atuação desta instituição foi na “ordem” pública dos munícipios, essencialmente
àqueles que se emanciparam após o regime republicano de 1889. E assim foi com
Barretos, que teve a Guarda Nacional criada no final do século XIX e
reorganizada em 1902, quando o dr. Antonio Olympio era o chefe do diretório
republicano na cidade. Em 1918, ocasião em que a Guarda Nacional começou a ser
extinta e absorvida pelo Exército, Barretos já possuía seis brigadas – cinco
infantarias e uma cavalaria.
Os coronéis da Guarda Nacional,
alguns mais atuantes na área rural e outros na cidade, continuam gravados de
alguma forma na nossa cidade, mesmo passado tanto tempo desde sua extinção.
Então, seria interessante que tivessemos conhecimento sobre a ação deles em
Barretos e porque seus nomes continuam por aí... quem sabe até na sua própria
rua, leitor amigo. Pensemos.
6 comentários:
Boa noite, vc tem algum material sobre cel Manoel Martins? Eh meu trisavô! Se tiver algo e puder compartilhar agradeço! Contato 9 81129898
Bom dia, Profa. Karla
Poderia informar onde posso encontrar uma relação dos coronéis? Estou precisando encontrar os da região de Monte Santo, especialmente JOAO BORGES DE SÁ, primeiro prefeito de Uauá.
Parabéns pelo texto.
Cassia
cassia.duran@terra.com.br
Olá! Me desculpem pela enorme demora em responder. Fiquei anos sem escrever por conta do nascimento dos meus filhos. Mas agora voltei! Caso ainda estejam pesquisando, poderiam entrar em contato comigo por email? armani.historia@gmail.com
Creio que por ali poderemos conversar melhor!
Quem era os coronéis da guarda munisipal
Unknown, eu não compreendi bem a sua pergunta, visto que a resposta me parece ser a síntese do próprio texto (artigo). Você poderia ser mais específico na pergunta pra que eu possa te ajudar?
Ótimo artigo, um fato leva a outro, leva a economia, revoluções, justiça, trabalho escravo, grilagem de terras, ferrovias, comunicação, arquitetura, etc......
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