sexta-feira, 8 de março de 2019

DIREITO FEMININO


ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 8 DE MARÇO DE 2019 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS     
Charge publicada no jornal Folha de S. Paulo em 8/3/2019

“Vossas qualidades favoritas no homem?
- Talento. Estudo. Método no trabalho. Abolição de credores.
Vossas qualidades favoritas na mulher?
- Beleza. Asseio. Honestidade. Não dançar depois de trinta anos”
(“O Sertanejo” em 22/9/1901, p. 2)

            É de impactar a declaração acima, publicada em revista de grande circulação nacional e reproduzida no jornal da cidade. É claro que há de se contextualizar a época, afinal ainda havia uma demarcação do patriarcalismo. Mesmo assim, o simples trecho da entrevista de um “homem conhecido” à época, é em 2019 um convite para uma reflexão.
            Mais um 8 de março chegou, momento de exclamações de estatísticas alarmantes, compartilhamento de histórias de lutas e desconstrução de paradigmas que ainda insistem em aparecer. É uma data de exposição de temas que, de tão falados atualmente, às vezes ganham a alcunha de “clichês”, mas, que, na realidade são mais profundos do que pensamos. São temas históricos e filosóficos. Violência, legislação, proteção, cidadania, trabalho, maternidade, empoderamento, padrões; todos são conceitos com necessidade de reconstrução ao papel da nova mulher: o de onde ela quiser.
            O fragmento de 1901 retrata como no passado às mulheres cabia a função de se preocupar com a estética (beleza e asseio) e com o casamento/marido (honestidade/bom comportamento). O acesso ao estudo e ao trabalho era tão somente aos homens, quase que masculinizando o sentindo de “direito”. É sabido que agora, perante às leis e órgãos públicos, tais conceitos não se aplicam exclusivamente às mulheres. Não mais. Porém, no reduto íntimo, na educação familiar, nas brincadeiras entre amigos, o que pensa você sobre as mulheres? O mesmo que aquele trecho de 1901? Não mesmo? É hora de pormos em prática o respeito tão arduamente conquistado. Não é mimimi. É direito (e feminino)!

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