quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019

40 ANOS DO MUSEU! (PARTE IV)

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 27 DE FEVEREIRO DE 2019 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS     


Palácio das Águias sendo inaugurado como museu municipal
em 6 de fevereiro de 1979.

(Fonte: Acervo do Museu "Ruy Menezes")
            Depois de quase um mês explanando somente o processo de criação do Museu Histórico, Artístico e Folclórico “Ruy Menezes”, a sensação que fica é o quanto esta instituição ainda pode ser estudada. Não só estudada. Visitada. Apreciada. Protegida.
            O Museu, além de ter como sede um prédio histórico, e, abrigar um acervo de peças, documentos, fotografias e jornais de origem distinta; ainda revela uma história de si mesmo. Enquanto museu. Como instituição de amparo da história. Afinal, são 40 anos promovendo exposições de diversas naturezas artísticas, contribuindo com pesquisas científicas, revelando achados históricos e guardando a memória da cidade.
            Não é fácil este papel. As ações dos verbos promover, contribuir, revelar e guardar, parecem não bastar nos tempos atuais. O Museu pode até cuidar das coisas do passado, mas seu público é presente. É exigente. E, por isso, a reinvenção é o substantivo para o sucesso da instituição. Não o reinvento do passado, mas sim de como apresentá-lo. Pois, vivemos em uma época em que o passado é associado ao “obsoleto”, inútil”, “dispensável”. Pura ignorância. Ao estudo do passado cabe tecnologia, fomento e cor!
            Moradores, funcionários do poder público, ocupantes de cargos políticos, seja quem for, o que os barretenses precisam entender é que o nosso museu está em atividade há 40 anos! Ali não só a história é protegida, mas a cultura e a arte se manifestam em exposições, pesquisas, monitorias e oficinas. O que o museu precisa é de público, de apreciadores que compreendam que aquele espaço é o coração da cidade. Que as peças e documentos ali guardados, não existem em local nenhum. Que se o museu não existisse, nós barretenses, não teríamos uma história para chamar de nossa, nem identidade.
            Nas colunas monumentais da porta da entrada, no piso centenário de madeira, nos azulejos de desenhos retorcidos, nas estantes de jornais ou nas paredes grossas pintadas à cal, é ali que habita a história. Onde precisamos visitar, conhecer, levar nossos filhos e vivenciar o passado. [fim]. 

Link da publicação no site do jornal "O Diário":
http://www.odiarioonline.com.br/noticia/82393/40-ANOS-DO-MUSEU-PARTE-IV

40 ANOS DO MUSEU! (PARTE III)

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 21 DE FEVEREIRO DE 2019 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS     


Profº Raul Alves Ferreira, idealizador do
Museu Ana Rosa
(Fonte: jornal Correio de Barretos,
11/8/1949 p1, Acervo Museu "Ruy Menezes")
              O prédio do museu municipal, o “Palácio das Águias”, completa 112 anos de fundação neste ano. Como museu, funciona há 40 anos. A criação do museu foi possível graças a doação, em 1974, do acervo do museu que funcionava na Escola Estadual “Mário Vieira Marcondes”. Neste processo, a participação do diretor da escola, Profº Raul Alves Ferreira, e da Profª Lydia S. Scortecci (mais tarde Diretora de Cultura) foi fundamental para que o museu da escola se tornasse o tão esperado museu municipal.
      Chamava-se “Museu Histórico-Pedagógico Ana Rosa”, constituído em 1961 e inaugurado oficialmente em 31 de março de 1962 nas dependências do então “Instituto Estadual de Educação Mário Vieira Marcondes”. Os esforços para criar este museu foram emergidos pela direção da escola e pela comissão de professoras que angariaram o acervo entre os alunos e a comunidade, além de criar um ambiente museológico no colégio.
Profª Lydia Scanavino Scortecci,  responsável
 pela inauguração do Museu municipal em 1979.

(Fonte: Acervo Museu "Ruy Menezes").
A nomenclatura “Museu Histórico-Pedagógico” (MHP) indica que o museu instalado na escola era, de alguma forma, relacionado à rede estadual de museus dirigida pela Secretaria de Educação do Estado de SP, a partir de 1956, através do departamento de “Serviço de Museus Históricos”. Entre 1956 a 1973, foram criadas 79 unidades dos MHP pelo interior de São Paulo. Foi a maior rede de museus do país! A intenção principal era construir a história do estado e dos municípios por meio destas instituições, nomeando patronos ligados à memória paulista e local. Nos anos 1990, os MHP se municipalizaram.
O MHP de Barretos foi originado por uma determinação estadual, que solicitava às “escolas secundárias e normais” a instalação de um museu em suas dependências. Este, poderia ganhar uma sede própria e se tornar museu do município. O que de fato ocorreu em Barretos. Porém, o museu instalado no “Estadão” não chegou a ser oficialmente um MHP por decreto estadual. Mesmo assim, o próprio presidente do Serviço de Museus Históricos, sr. Vinicio Stein Campos, oficiou ao Prof Raul, ainda em 1961, classificando o museu da escola em 1º lugar em todo estado, devido a seu grandioso acervo. [continua].

Referências bibliográficas e fontes:


ÁVILA, Ana Carolina Xavier. Museus Históricos e Pedagógicos no século XXI: processo de municipalização e novas perspectivas. Dissertação de mestrado - Programa de Pós Graduação Interunidades em Museologia - Universidade de São Paulo, 2014. 
A SEMANA, jornal de Barretos. Edições de abril e maio de 1961 e abril de 1962  (Acervo do Museu "Ruy Menezes").
CORREIO PAULISTANO, jornal de São Paulo. Edição de 28 de maio de 1961 (Acervo Biblioteca Nacional- RJ). 
OFÍCIO expedido pela Secretaria Estadual de Educação, através do Departamento de Serviços deMuseus Históricos, assinado por Vinicio Stein Campos em dezembro de 1961 (Acervo do Museu "Ruy Menezes"). 

Link da publicação no site do jornal "O Diário":
http://www.odiarioonline.com.br/noticia/82210/40-ANOS-DO-MUSEU-PARTE-III

domingo, 17 de fevereiro de 2019

40 ANOS DO MUSEU! (PARTE II)

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 12 DE FEVEREIRO DE 2019 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS         


Reforma no prédio do 1º Grupo Escolar de Barretos,
que resultou em sua demolição em 1971.

(Fonte: Acervo do Museu "Ruy Menezes")

  Quando pensamos na criação de um museu municipal, público, com a função de guardar peças da história da cidade e criar condições para que a mesma seja escrita e (re)contada, é interessante refletirmos sobre o que antecedeu a ideia de sua criação. Ou seja, o projeto, a necessidade, a cobrança da sociedade, a origem do acervo, o desejo popular e as manifestações da comunidade local. Sim, o nosso museu foi pleiteado.
Palácio das Águias, o paço municipal, nos anos 1940.
Sede do Museu municipal desde 1979.

(Fonte: Acervo do Museu "Ruy Menezes")
            As décadas de 1960 e 1970 foram impactantes em Barretos quando o assunto é “história”, (a demolição dela). Em especial aos patrimônios históricos e arquitetônicos, cuja monumentalidade por si só revelavam o passado republicano, o auge da pecuária e o início da urbanização barretense. A demolição do prédio do 1º Grupo Escolar, do primeiro prédio da Santa Casa e de outros casarões, fazia com que (os poucos) defensores do patrimônio temessem a salvaguarda da memória da cidade. As preocupações com construções importantes como a primeira prefeitura, a “casa branca” do prefeito Antonio Olympio e outras tantas, eram evidentes nos jornais. Verdadeiros desabafos.
Em primeiro plano, parte do prédio  original da Santa Casa
de Barretos, também demolido nos anos 70. Ao fundo, pavilhão
construído nos anos 60. 
(Fonte: Acervo da Santa Casa de Barretos)
Porém, o problema referente ao patrimônio histórico, não se resumia somente aos prédios. Ainda mais, a cidade enfrentava a falta de um museu municipal; de um local em que pudessem ser preservadas as peças, fotografias, documentos e jornais. Deste modo, a criação do museu se relacionava a essa necessidade de preservação dos patrimônios materiais. Como exemplo, algumas reportagens de “O Diário” estampavam a premência de um museu: “Infelizmente em Barretos, embora sempre surgindo o assunto e logo depois esquecido completamente, nunca se pôs em prática a ideia de se fundar um museu municipal” (21/12/1969,  p.2). O prefeito Ary R. de Mendonça, um ano antes de assinar o decreto de criação do museu foi fortemente cobrado: “Ary, se o museu é prioritário, se os homens para formá-lo já existem, pelo amor de Deus! Vamos salvar o que ainda não foi roubado da ‘casa branca’” (23/2/1973, p. 2). A cobrança parece ter surtido efeito, pois, em 1979, dr. Melék e a Prof Lydia inauguravam o museu. Ainda bem! [continua].

Fontes:
Jornal "O Diário de Barretos", edições de 21/12/1969 e 23/2/1973. Acervo do Museu "Ruy Menezes".

Link da publicação no site do jornal "O Diário":
http://www.odiarioonline.com.br/noticia/81880/40-ANOS-DO-MUSEU-PARTE-II

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

40 ANOS DO MUSEU! (PARTE I)

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 6 DE FEVEREIRO DE 2019 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS


Salão principal do Museu no dia de sua inauguração em 6/2/1979
(Fonte: Arquivo do Museu "Ruy Menezes")
“Barretos hoje ganha o seu Museu Histórico, Artístico e Folclórico do Município. Nossos cumprimentos ao prefeito Mélek Zaiden Geraige e profª Lydia S. Scortecci. Profª Lydia vê um de seus sonhos realizados. Parabéns.” (O Diário, 6/2/1979, p 4).
        
   Quarenta anos se passaram após a publicação da nota acima, retirada de uma das publicações antigas do jornal “O Diário”. Há quarenta anos, o Museu Histórico, Artístico e Folclórico “Ruy Menezes” vem cumprido sua função cultural que vai além da exposição de peças históricas, atravessando um complexo entre salvaguarda de documentos, jornais e fotografias, acesso à informação e pesquisa e oferecimento de visitas monitoradas. Barretos tem sim um museu, que mescla exposição, pesquisa, cultura e educação! Mas este resultado é fruto de um processo que começou ali, naquele 6 de fevereiro de 1979, quando finalmente a cidade inaugurou o museu tão solicitado há anos e anos.
Profª Lydia S. Scortecci discursando na abertura do Museu.
(Fonte: Arquivo do Museu "Ruy Menezes")
            Com a denominação “Museu Histórico e Artístico do Munícipio de Barretos”, foi criado o museu municipal por lei da Câmara Municipal em 1973 e posterior decreto do prefeito Ary Ribeiro de Mendonça em 26/3/1974. Mas somente seis anos depois, quando era prefeito o dr. Mélek Geraige, o museu foi inaugurado e instalado no antigo “Palácio das Águias”, cujo acervo se originou do pioneiro Museu “Ana Rosa” da Escola Estadual “Mário V. Marcondes”. A denominação com o patrono “Ruy Menezes” veio em 1994, pela lei 2.843, quando o legislativo homenageou o ex-vereador e veterano jornalista.
Bispo Dom Antonio Maria Mucciolo realizando a benção litúrgica.
(Fonte: Arquivo do Museu "Ruy Menezes")
            As reportagens de “O Diário” e as fotografias do dia da inauguração revelam a presença de autoridades, ativistas culturais e professores no evento. O ato inaugural contou com a apresentação da “Lira Musical Barretense” e com a benção litúrgica do Bispo Dom Antônio Maria Mucciolo. A Profª Lydia S. Sccorteci proferiu discurso de apresentação do acervo, bem como de sua origem. E o prefeito Melek não tardou em dizer que “sentia-se feliz de poder na sua administração, dar por instalado um museu”. Museu este que, 40 anos depois, ainda guarda e (re)constrói a história da cidade. [continua].
Prefeito Dr. Melek Zaiden Geraige no ato inaugural do Museu.
(Fonte: Arquivo do Museu "Ruy Menezes")
Fontes:
Jornal "O Diário", edições citadas no texto dos anos 1979 e 1973. Arquivo do Museu "Ruy Menezes".
Leis da Câmara Municipal: Lei nº 1.357 de 9/10/1973 e Lei nº 2843 de 29/3/1994.

Link da publicação no site do jornal "O Diário":
http://www.odiarioonline.com.br/noticia/81678/40-ANOS-DO-MUSEU-PARTE-I

Observação:
Na reportagem do jornal "O Diário" a data do decreto de criação do museu assinado pelo prefeito Ary está como 26/3/1973, porém, o correto é 26/3/1974 (conforme já corrigido neste texto publicado).