terça-feira, 7 de julho de 2020

A BANDEIRA PAULISTA

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 7 DE JULHO DE 2020 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS 


            No alto, a Bandeira idolatrada da Pátria, tremulando sobre o edifício do Posto Policial. O vento parece querer arrancar o símbolo sacrossanto e leva-lo, explica-lo aos Iscariotes da Ditadura, que o desconhecem, que o não amam nem compreendem.
(Osório Rocha, A Semana, 3/8/1932).
         
Sede do Grêmio Literário e Recreativo de Barretos
como quartel do Batalhão "Julio Marcondes Salgado"
durante a guerra paulista de 1932.
Nota-se a bandeira paulista hasteada no canto
direito da sacada.

(Fonte da foto: Arquivo do GLRB).

   A narrativa de Osório Rocha ocorria-se em pleno acampamento no povoado de Laranjeiras, próximo ao Rio Grande, durante a guerra paulista de 1932. Registrando o levante, o jornalista Osório Rocha escrevia as crônicas “O Momento” publicadas rotineiramente no jornal “A Semana”. Nelas, vemos detalhes relevantes, como o trecho que encima este artigo, a alusão à bandeira nacional como um símbolo quase “sacro” para os soldados, que viam na figura do presidente Vargas um ditador.
Além da bandeira nacional, a flâmula paulista também era ovacionada nos registros e retratada em fotografias junto aos soldados. O prédio onde funcionava o Grêmio Literário e Recreativo, por exemplo, foi transformado na sede do “Estado Maior”, de onde partiam os comandos às tropas e pelotões; e em sua fachada tremulava a bandeira paulista como símbolo da “revolução”. Bandeiras são simbólicas, e por isso usadas em momentos em que impera a necessidade de identidade e união entre os povos. A bandeira paulista foi criada em 1888, logo após a Abolição da Escravatura, com o distintivo de se representar as raças branca, negra e vermelha, as quatro estrelas do Cruzeiro do Sul e o perfil geográfico do estado. Durante a guerra paulista, seu uso foi ainda mais estimulado. Mas, depois disso, durante o Estado Novo de Getúlio Vargas, houve a suspensão das bandeiras governamentais, e seu uso só foi oficializado em 1946.
            Ainda hoje, na cidade, podemos ver bandeiras de São Paulo ao vento; mas somente no Museu “Ruy Menezes” temos a possibilidade de ver uma daquelas usadas em 1932, momento em que elas eram hasteadas em sinal pertencimento e identidade.

Referência bibliográfica:
Crônica "O Momento" de Osório Rocha para o jornal "A Semana", de Barretos, de 9/8/1932, extraída de:
ROCHA, Osório Faleiros da. (in memoriam). Esboços e outras crônicas: 60 anos de jornalismo - volume II. (s/ed), p. 24.

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