quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

ANTÔNIO E JOANITA: O AMOR DE UMA VIDA


            Há muito tempo, durante toda a história da humanidade, poetas, músicos, compositores e artistas de todos os gêneros tentaram definir o que é o amor. Se conseguiram? Isso somente eles podem responder, pois o amor é um sentimento que habita o mais íntimo de nosso ser. As histórias de amor foram temas dos mais clássicos ensaios da literatura mundial e de composições cinematográficas, afinal desde a infância temos contatos com contos de fadas e quando nos tornamos adultos, não há quem não resista a uma linda história de amor com um final feliz. Geral e historicamente falando, porque gostamos tanto de histórias de amor? Será que nos espelhamos nelas para de fato sentirmos o verdadeiro gosto do amor?
            O “amor à primeira vista” aguça-nos todos os sentidos e a “ciência dos apaixonados” demonstra as reações de nossos organismos quando conhecemos a pessoa amada pela primeira vez (é impressionante!). Mas, o que poderíamos dizer sobre aqueles casais que se encantaram a primeira vista, construíram a vida juntos e ainda sentem as emoções mais puras do amor primitivo? Seria este o real significado do amor?
            A essas perguntas se encaixa como resposta a linda história de amor de Antônio Ribeiro de Oliveira e sua amada Joanita, e diríamos que este artigo é mais um dos muitos capítulos da história dos meus avós. Depois de viverem grandes emoções, Antônio e Joanita completaram 50 anos de casados no último dia 30 e amanhã receberão novamente as bênçãos religiosas do matrimônio.
            Seres humanos como somos, sujeitos a erros, decepções e ilusões, perguntamos: qual é o segredo? A resposta certamente está dentro de nós mesmos e somente o tempo poderia nos revelar. E foi o tempo o maior aliado de Antônio e Joanita, que viveram uma vida de dificuldades, mas com a união sempre à frente: fugiram para casar, trabalharam de sol a sol, sustentaram 6 seqüentes filhos e hoje são os protagonistas de uma família composta por 15 netos e 2 bisnetos.
            Antônio e Joanita nos mostraram o significado do verdadeiro amor, inspiração de tantos poetas: a construção de uma vida juntos! Além disso, aprendemos com eles que o amor enfrenta as dificuldades materiais e que não tem idade para acontecer, podemos nos apaixonar à primeira vista a qualquer momento ou a todos os instantes do dia pela mesma pessoa. Antônio e Joanita, queridos avós, sua família inteira deseja que em suas Bodas de Ouro vocês sintam a magia do amor à primeira vista e que o cultivem por todo o sempre. Com admiração e carinho.

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO" (BARRETOS/SP), EM 12 DE JANEIRO DE 2010.


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

AS ESCOLAS BARRETENSES

            A escola é um lugar fantástico que certamente marcará a vida de muitas pessoas, seja pela boa aprendizagem das disciplinas, pelas amizades conquistadas, pelas experiências individuais ou pela convivência com diferentes personalidades. Em outra perspectiva, a escola, assim como muitas outras instituições sociais, acompanha as necessidades e condições sociais de suas épocas, mas o fim único da educação sempre será “instruir”. Desta forma, as escolas podem ser objetos de estudos para muitos trabalhos vinculados à história da educação no Brasil.
            Barretos, nos altos de seus 155 anos, atravessou uma longa linha do tempo e foi cenário de diferentes conjunturas políticas, tais como: o regime imperial, o coronelismo no início da República, a ditadura getulista, o populismo, a ditadura militar, a redemocratização, o neoliberalismo e outros. Paralelo a tantos momentos históricos está o surgimento das escolas barretenses, as quais passaram por grandes modificações conforme a mudança de mentalidades dos tempos. Para o tempo presente, restaram fotografias, documentos e entrevistas com antigos alunos a fim de deciframos a educação passada de nossa cidade. Recordemos então os primeiros destes períodos:
            O jornalista Osório Rocha, no início do século XX, já pesquisava fontes históricas disponíveis da cidade e teve o cuidado de entrevistar alguns antigos moradores do arraial. Em suas pesquisas, Osório concluiu que, no século XIX, Barretos mantinha pequenas instalações escolares de péssimas condições e as aulas eram realizadas em residências de pessoas que não possuíam nenhuma formação em magistério. Já nos primeiros anos do século XX, a cidade contava com escolas provisórias separadas por salas de aula masculinas e femininas e os avaliadores dos exames anuais eram os “cidadãos letrados”.
            A partir da década de 30, as escolas foram tomadas por um forte “patriotismo” instaurado no período do governo getulista, onde os boletins vinham tomados por 16 matérias, entre elas destacavam-se as disciplinas sobre o Brasil: História, Geografia e Corografia do Brasil. O Ginásio Municipal de Barretos, em 1931, exibia o seguinte slogan em seu folheto: “Instruir é bem merecer da pátria”. Também como forma de manifestação social, em uma fotografia do 1º Grupo Escolar, aparece gravado no muro do colégio a seguinte expressão: “Morra o integralismo. Viva a Social-Democracia”.  
            Muitas outras escolas surgiram com o passar dos anos e estas linhas não são suficientes para escrever a representatividade de cada uma delas. Por fim, o que percebemos é que as escolas da cidade são tão antigas quanto sua formação e há muito o que se pesquisar sobre elas, por isso, aqueles que possuem lembranças sobre fatos da História do Brasil relacionados com escolas barretenses: divulguem!

REFERÊNCIA: Documentos do Museu “Ruy Menezes”.
             
ARTIGO PUBLICADO  NO JORNAL "O DIÁRIO" (BARRETOS/SP), EM 05 DE FEVEREIRO DE 2010.

AS MULHERES E SUAS PERIPÉCIAS NA HISTÓRIA

             Há poucos dias, uma rede social de História da internet publicou uma reportagem sobre a História das Calcinhas. Por mais estranho que isso possa parecer, é bastante interessante, e também instrutivo, conhecer as relações entre as roupas íntimas das mulheres de épocas diversas com os contextos históricos ocorridos nos períodos como Idade Média, Revolução Francesa, Período Vitoriano, 1ª Guerra Mundial e outros.           Qual será a relação do contexto histórico e a vestimenta íntima das mulheres? É exatamente a questão da mentalidade de cada época que irá influir nos comportamentos e aparências das pessoas, e foi a partir deste raciocínio que a historiadora inglesa Rosemary Hawthorne pesquisou o assunto e publicou o livro “Por baixo do pano”. O assunto é tão atual e atrativo que pesquisas realizadas no Brasil, em 2008, demonstram um consumo muito grande das peças, onde 835 milhões de peças íntimas foram vendidas, o que acarretou em R$ 4,59 bilhões de reais para o país.
            Tratando-se das vestimentas ocidentais, anterior ao século XVIII, principalmente durante o período medieval, as mulheres usavam debaixo dos pesados vestidos somente uma camisola de linho, o corpete e uma anágua; as ceroulas ou calções eram peças exclusivas do guarda-roupa masculino e as mulheres que ousavam em usá-las eram consideradas “libertinas”. A Revolução Francesa, na condição de um acontecimento que iniciou uma nova era às sociedades européias e suas colônias, marcou o surgimento dos calções ou pantaloons, que não agradaram as moças da época por diminuir a ventilação debaixo dos vestidos além de irem até os joelhos ou tornozelos e terem cor de “carne”.
            A partir do Período Vitoriano, na Inglaterra do século XIX, as calcinhas passaram a fazer parte do vestuário feminino das mulheres de alto poder aquisitivo. Entretanto, falar sobre tal assunto era “tabu”, já que conforme a mentalidade da época, as mulheres não mostravam seus corpos nem para seus maridos, a sessão de lingeries das lojas ficava escondida e nas propagandas as calcinhas apareciam dobradas em prateleiras.
            Somente a partir do século XX, depois da 1ª Guerra Mundial, que as calcinhas começaram a ficar mais parecidas com as que conhecemos (calçolas da vovó), pois, nascia a “mulher moderna”, agora um tanto mais exibicionista de seu próprio corpo. Com as décadas seqüentes, surgiram os “baby-dolls”, a camibocker, o caleçon e as calcinhas de renda, fio-dental e seda. A década de 70, considerada por muitos como promotora da emancipação feminina, acompanhou a moda do jeans Saint-tropez e promoveu também a moda íntima nacional mais adaptada ao corpo das brasileiras.
            Quem imaginaria que as peças íntimas femininas seriam tão importantes fontes de estudo em relação a mentalidade das diferentes épocas históricas? É nas entrelinhas que se vê a história, sapere aude!


ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO" (BARRETOS/SP), EM 29 DE JANEIRO DE 2010.

2010: O ANO NACIONAL JOAQUIM NABUCO


            O ano de 2010 foi instituído pelo governo federal como o Ano Nacional Joaquim Nabuco, através da Lei 11.946, por conta do centenário da morte de um dos mais lembrados políticos brasileiros: Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo. Breves pinceladas sobre sua biografia nos ajudarão a entender os motivos que levaram os brasileiros a recordarem a trajetória de um político do século XIX, que, nos dias de hoje, poderia ter sido esquecido pelo tempo.
            Pernambucano, nascido em Recife no dia 19 de agosto de 1849, era filho do então Senador José Tomaz Nabuco de Araújo e de Ana Benigna Barreto Nabuco de Araújo. Mais tarde, Joaquim Nabuco tornara-se bacharel em Letras e em Direito. A influência do pai, político na primeira fase do Segundo Reinado, foi um dos principais fatores que condicionaram a vida política de Joaquim, sendo designado deputado geral por sua província. Além disso, foi também um dos principais diplomatas da época, atuando em Londres e em Washington como Embaixador do Brasil.
            No entanto, Joaquim Nabuco acima de todas estas atividades, era renomado “abolicionista”, fato que certamente marcou sua posição como um homem que enxergava “além de seu tempo”. Em 1883, quando estava na Europa, Joaquim Nabuco publicou a obra “Abolicionismo”, que entre alguns dizeres expressava o seguinte pensamento: Abolicionista são todos os que confiam num Brasil sem escravos; os que predizem os milagres do trabalho livre, os que sofrem a escravidão como vassalagem odiosa imposta por alguns, e no interesse de alguns, à nação toda, os que já sufocaram nesse ar mefítico que escravos e senhores respiram livremente; os que não acreditam que o brasileiro, perdida a escravidão, se deite para morrer, como o romano dos tempos dos Césares, porque perdera a liberdade.
            Quando a República foi proclamada no Brasil, Joaquim Nabuco se afastou do cenário político nacional, isto porque era defensor do ideal monarquista. Esta atitude foi reconhecidamente digna de ser lembrada, pois demonstra o quão autênticos eram os princípios políticos de Joaquim Nabuco, durante um período em que a maioria dos políticos brasileiros mostrou-se como “marionetes” sem ideologias, que de uma hora para outra alternavam-se como monarquistas e de repente republicanos.
            Por fim, em 17 de janeiro de 1910 Joaquim Nabuco faleceu em Washington e hoje, cem anos depois, homenageamos este político e escritor brasileiro como forma de reconhecimento de sua luta pelo interesse nacional, em principal no que diz respeito a tão esperada Abolição. Esperamos, pois, que este exemplo de princípios políticos seja retomado para a nossa atual sociedade, onde, muitas vezes, os políticos só alternam de partido e nada fazem pelo bem comum brasileiro.


ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO" (BARRETOS/SP), EM 22 DE JANEIRO DE 2010.