quarta-feira, 28 de julho de 2010

SEJAMOS CONTADORES DE HISTÓRIAS!


“Nem toda palavra é aquilo que o dicionário diz...”
(Música: “Sonho de uma flauta”, O Teatro Mágico)

            Nesta semana, o Museu Histórico, Artístico e Folclórico “Ruy Menezes”, Departamento Municipal de Cultura, ofereceu a oficina “Técnicas para Contadores de Histórias: lendas locais” ministrada pela educadora e atriz e arte educadora Poliana Savegnago da Silva. As atividades serviram para ressaltar a importância cultural dos contadores de histórias e aprimorar algumas técnicas que permitem o encantamento das crianças e também o público adulto. Caros leitores, vocês se lembram das histórias que lhes eram contadas quando crianças? Porque será que elas se prendem tanto em nossas memórias?
            As respostas mais próximas a estas perguntas baseiam-se no “encantamento” entre o contador e o ouvinte da história, já que o papel do ouvinte é muito importante no momento do conto, pois, quem sabe ouvir também sabe contar. Isto é, todas as pessoas são contadoras de histórias, sejam histórias do dia-a-dia ou contos infantis e históricos; o fato é que, muitas vezes, contamos histórias que ouvimos de outras pessoas e ao recontar novamente fazemos ao nosso modo. Em outras palavras, já dizia o ditado: “Quem conta um conto aumenta um ponto” e no final a história pode sair muito diferente da inicial.
            Nesse sentido, a individualidade humana atua constantemente no momento da “contação” de histórias, uma vez que cada um conta a sua maneira. Mas, para que haja a reciprocidade entre o contador e o ouvinte, é necessário o conhecimento do contador diante à história contada, ou seja, ter as noções básicas da introdução, do clímax e do desfecho da história. Além disso, a pessoa que conta uma história utiliza de estruturas (ferramentas) que podem ser objetos, músicas, brincadeiras ou livros e a apresentação desta história também deve ser previamente estudada pelo contador. Por exemplo, a história pode ser apresentada na forma tradicional dos contos ou através de teatros, danças e outras formas de brincadeiras.
            Paralelo a isto, o “contar histórias” pode ser utilizado também na sala de aula de História através da ferramenta do livro-didático. Imaginem o professor como o contador de histórias e intermediário entre o livro e o aluno, o livro-didático como a linha de costura entre ambos e o aluno como ouvidor e “re-contador” das histórias. Trocando em miúdos, de acordo com a respectiva faixa etária dos alunos, é possível que uma disciplina científica como a História seja transmitida em forma de “contação de histórias”, sendo necessário somente o estudo prévio da história contada, a apresentação dos argumentos diante o livro didático e uma pitada de lúdico para promover o encantamento e o desejo de “re-contar” a história. Afinal, é através do desejo de “re-contar” a história que ela fica sempre presente em nossa memória, resistente.
           
ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO" (BARRETOS/SP), EM 23 DE JULHO DE 2010.

O LATIM SOBREVIVE


            A língua portuguesa falada por nós, brasileiros, e por outras milhões de pessoas que vivem nos dez países que falam o português, é um idioma considerado difícil de aprender por aqueles que desconhecem as derivações das línguas latinas. Isto porque o “português” é uma língua neolatina, como nos é mostrado nas incríveis salas do “Museu da Língua Portuguesa” localizado nas dependências da Estação da Luz na capital paulista. Através de vídeos e painéis ilustrativos sobre a história da língua portuguesa, torna-se perceptível a proximidade do latim falado no passado com a nossa linguagem atual. Até que ponto o latim esta presente na língua portuguesa do século XXI?  
            O surgimento do latim é atribuído às línguas arcaicas faladas no Lácio, região da Itália central, e em Roma séculos antes à era cristã. Desta forma, a designação “latim” é proveniente do local de seu surgimento, Latium - no idioma deles. Como é de costume em muitas culturas, existia o “latim erudito” com a gramática correta falada pelos literatos e intelectuais e o “latim popular” dito pelo povo na linguagem cotidiana. Este latim popular foi disseminado a outras regiões da Europa na época do apogeu do Império Romano, pois, ao dominar novos territórios e interagir com os idiomas locais, a língua popular falada pelos soldados possibilitou a mistura destes dialetos que culminaram nas línguas neolatinas, nas quais está incluso o nosso “português”.
            A maioria dos textos acadêmicos da internet revelam que o português falado no Brasil descende do contato do latim popular com o galego falado na antiga região do Condado Portucalense, hoje Portugal. Ainda mais, há de se considerar que a língua portuguesa é resultado de outras misturas com as línguas puras nativas dos indígenas que aqui viviam antes da colonização portuguesa. No entanto, mesmo com a mistura brasileira das línguas tupi, macro-jê e aruaque, o latim também tornou-se base da língua portuguesa, isso se repararmos nos radicais de nossas palavras, como exemplo: “cap”: capacete e capuz e “leg”: legislação, legal, legista.
            Mas, não só os radicais em latim são sobreviventes na língua portuguesa, podemos notar que as expressões em latim também estão presentes em algumas partes da realidade brasileira. No ambiente jurídico, por exemplo, muitas expressões em latim são utilizadas tanto em termos escritos quanto nos julgamentos em fóruns. Outro exemplo que pode ser lembrado são os nomes científicos do seres vivos estudados nas áreas biológicas. E, por fim, a importância do latim se revela nas pesquisas historiográficas da História do Brasil, ainda mais se as análises acontecerem mediante à leitura de jornais onde a maioria dos escritores exaltavam belas manifestações em latim. A isto também se compara o Jornal “O Sertanejo” de Barretos, em 1900, repleto de expressões calorosas em latim que demonstravam o que as entrelinhas queriam dizer.
            Porquanto, o latim jamais pode ser considerado uma língua “morta”, ao contrário, ele é presente em nosso idioma tanto em nossas meias palavras quanto em expressões tecnicamente importantes. Ele, o latim, sobrevive aos tempos modernos.

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO" (BARRETOS/SP), EM 16 DE JULHO DE 2010.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

09 DE JULHO: A DATA MAGNA DE SÃO PAULO


“São Paulo espera que os barretenses saibam cumprir o seu dever”
Comissão de Alistamento de Barretos da Revolução de 1932.

            Mais um “9 de julho” é lembrado na memória paulista como feriado estadual em exaltação aos soldados da Revolução Constitucionalista de 1932. Embora a Revolução de 32 tenha sido um momento histórico importante na história do Estado de São Paulo, através de informais pesquisas durante esta semana, pude perceber que, entre os adultos, muitos paulistas não sabem o verdadeiro significado desta data e nem quando ela passou a ser feriado. E muitos se perguntam: afinal, porque 9 de julho é feriado?
Esta data é feriado em São Paulo desde o ano de 1997, quando o feriado foi criado graças a uma lei federal que permitiu a definição da Data Magna de cada Estado em forma de feriado civil. Trocando em miúdos, cada Estado brasileiro passou a possuir sua Data Magna exaltando seus principais momentos históricos. O Estado de São Paulo, como já era de se esperar, instituiu como feriado civil o dia “9 de julho” quando se iniciou o movimento constitucionalista de 1932 pela causa paulista.
A este termo, “causa paulista”, poderíamos definir uma série de motivos quando analisamos as intenções de São Paulo em tomar a frente de uma guerra contra o governo federal e seus Estados aliados. Os livros de História e trabalhos acadêmicos apontam que os principais motivos foram, sobretudo, a tentativa de retomada de poder dos paulistas que desde o início da República alternavam-se no poder, e também a luta pela “constitucionalização” do país a partir da recuperação da Constituição que há pouco tinha sido suprimida pelo Presidente Getúlio Vargas, autor de um governo que “de repente” subiu ao poder e ditatorialmente extinguiu a Constituição do país. Portanto, os interesses dos paulistas não eram somente em menção à reconstitucionalização do país, bem como mantinham os olhos focados em sua autonomia econômica e política.
Paralelo a isso, a nossa cidade de Barretos também viveu os curiosos momentos da Revolução de 32, onde os barretenses, inicialmente composto pelo grupo “Os 52 de Barretos”, atuaram não só na defesa da cidade contra as tropas federais, como também em outras cidades da região e em Portos como o Taboado, Porto Cemitério, Porto Antonio Prado e Porto Maricota. Ainda mais, o que há de mais impressionante nos relatos barretenses da Revolução de 32 é a aparente união que se formou na cidade em prol da causa paulista, onde mesmo alguns cidadãos nem sabendo dos reais motivos da luta se prontificaram em ajudar. E muitas reflexões atuavam como incentivo à luta, como exemplo a frase abaixo dita em discurso pelo saudoso Bezerrinha em 25 de julho de 1932 em frente ao Paço Municipal:
“São Paulo precisava fazer novamente bandeirantes. Nos tempos remotos, foram as bandeiras catar esmeraldas e pratas. Hoje, a bandeira de São Paulo entra pelo Brasil a fazer a sua reconstitucionalização. São Paulo luta para ser o escravo da lei, o servidor do direito, para obedecer à Justiça, para arma-se paladino da Liberdade”.

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL"O DIÁRIO" (BARRETOS/SP) EM 09 DE JULHO DE 2010.

REFERÊNCIA: Suplemento da ABC de julho de 1994.

NA ERA VIRTUAL


            Na era atual uma nova linguagem se faz presente em nosso cotidiano, a virtual. Computadores portáteis, câmeras com super lentes, visores de tamanhos extraordinários, microfones cada vez mais sensíveis e muitas outras tecnologias que invadem a nossa vida com basicamente um único fim: levar informações de um canto para outro o mais rápido possível. Tudo isso só se torna realidade graças à internet, pois, com essa ferramenta podemos saber de fatos inéditos que acontecem do outro lado do mundo quase em seus momentos instantâneos. Além disso, a internet atua no campo dos sites de relacionamento, os quais permitem que as pessoas conversem e mantenham seus contatos sem precisarem estar de corpo presente. Caros leitores, já pararam para imaginar o quanto a internet pode nos ajudar mas nem sempre cumpre este papel?
            Explicando em miúdos, os principais sites de relacionamentos na atualidade são o Orkut, o Twitter, o Youtube, os blogs, fotologs e redes de bate-papo virtual. Nestas páginas, as pessoas criam seus perfis e neles tentam buscar suas identidades para manter e/ou expandir seus ciclos de amigos. Por um lado, sites como o Orkut, por exemplo, permiti um contato constante e rápido entre as pessoas, principalmente entre pessoas que desejam encontrar alguém com quem conversar e dividir seus gostos pessoais em comum ou indivíduos que necessitam de contatos profissionais. Os blogs são páginas virtuais onde podemos escrever sobre os mais variados temas e, ao criar seu próprio estilo, o autor do blog ganha seguidores que sempre comentam em seus posts e assim a rede de comentários acaba por gerar grandes reflexões. Ainda mais, os blogs podem ser diários virtuais onde as pessoas dividem momentos de suas vidas com os demais internautas ou o blog também pode atuar como uma referência profissional com as propagandas e exposições digitais dos mais variados tipos de trabalho.
            Já o Youtube ganhou força com a apresentação de vídeos feitos pelos próprios navegadores e alguns destes vídeos chegam a ganhar milhares de acessos. Estes acessos são relativos conforme o assunto mais comentado no momento, como por exemplo, a Copa do Mundo. Para quem não teve a oportunidade de ver na época, é muito interessante poder rever através da internet as cinco vitórias mundiais do Brasil e os espetaculares gols do Pelé tão facilmente. O Twitter é um dos canais virtuais de idas e vindas de informações mais rápidas da internet, a intenção é postar novidades que circulam entre os tópicos mais comentados na rede virtual.
            Seria tão bom se a maioria dos internautas soubesse utilizar de forma positiva todas as facilidades trazidas pela internet, pois, através destes sites citados poderíamos criar campanhas, reflexões, redes de estudos e muitas outras oportunidades para o bem comum. Os problemas da internet concentram-se basicamente na exposição em demasia da vida privada, seja de sua própria vida ou da dos outros. Enfim, esperamos que a internet seja vista e utilizada para o mesmo fim em que surgiu: a circulação das informações e a diversidade de suas interpretações.

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO" (BARRETOS/SP), EM 02 DE JULHO DE 2010.