“Nem toda palavra é aquilo que o dicionário diz...”
(Música: “Sonho de uma flauta”, O Teatro Mágico)
Nesta semana, o Museu Histórico, Artístico e Folclórico “Ruy Menezes”, Departamento Municipal de Cultura, ofereceu a oficina “Técnicas para Contadores de Histórias: lendas locais” ministrada pela educadora e atriz e arte educadora Poliana Savegnago da Silva. As atividades serviram para ressaltar a importância cultural dos contadores de histórias e aprimorar algumas técnicas que permitem o encantamento das crianças e também o público adulto. Caros leitores, vocês se lembram das histórias que lhes eram contadas quando crianças? Porque será que elas se prendem tanto em nossas memórias?
As respostas mais próximas a estas perguntas baseiam-se no “encantamento” entre o contador e o ouvinte da história, já que o papel do ouvinte é muito importante no momento do conto, pois, quem sabe ouvir também sabe contar. Isto é, todas as pessoas são contadoras de histórias, sejam histórias do dia-a-dia ou contos infantis e históricos; o fato é que, muitas vezes, contamos histórias que ouvimos de outras pessoas e ao recontar novamente fazemos ao nosso modo. Em outras palavras, já dizia o ditado: “Quem conta um conto aumenta um ponto” e no final a história pode sair muito diferente da inicial.
Nesse sentido, a individualidade humana atua constantemente no momento da “contação” de histórias, uma vez que cada um conta a sua maneira. Mas, para que haja a reciprocidade entre o contador e o ouvinte, é necessário o conhecimento do contador diante à história contada, ou seja, ter as noções básicas da introdução, do clímax e do desfecho da história. Além disso, a pessoa que conta uma história utiliza de estruturas (ferramentas) que podem ser objetos, músicas, brincadeiras ou livros e a apresentação desta história também deve ser previamente estudada pelo contador. Por exemplo, a história pode ser apresentada na forma tradicional dos contos ou através de teatros, danças e outras formas de brincadeiras.
Paralelo a isto, o “contar histórias” pode ser utilizado também na sala de aula de História através da ferramenta do livro-didático. Imaginem o professor como o contador de histórias e intermediário entre o livro e o aluno, o livro-didático como a linha de costura entre ambos e o aluno como ouvidor e “re-contador” das histórias. Trocando em miúdos, de acordo com a respectiva faixa etária dos alunos, é possível que uma disciplina científica como a História seja transmitida em forma de “contação de histórias”, sendo necessário somente o estudo prévio da história contada, a apresentação dos argumentos diante o livro didático e uma pitada de lúdico para promover o encantamento e o desejo de “re-contar” a história. Afinal, é através do desejo de “re-contar” a história que ela fica sempre presente em nossa memória, resistente.
ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO" (BARRETOS/SP), EM 23 DE JULHO DE 2010.
Um comentário:
Nossa não sabia que precisava até de curso pra contar histórias.
Podemos reservar uma aula só pra contar histórias e lendas em sala
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