ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 12 DE JUNHO DE 2019 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS
Marcello Tupynambá em foto pousada. (Fonte: LEANDRO, M. T. 2005, p. 3). |
O
músico e compositor Fernando Álvares Lobo (pseudônimo Marcello Tupynambá), um
ano após escolher Barretos como seu destino para trabalhar na engenharia civil,
se casou com a barretense Irene de Menezes. Segundo memorialistas, quando
noiva, Irene foi a responsável por convencer Tupynambá a compor melodias para a
editora musical Campassi & Camin, em troca de um piano como pagamento.
Dentre essas músicas, o tanguinho “Tristeza de Caboclo”, gravado em disco estrangeiro,
em um ano vendeu 120 mil exemplares. Um sucesso à época do fonógrafo!
Irene de Menezes e Marcello Tupynambá. (Fonte: ALMEIDA, 1993, p. 15). |
Segundo o estudo de mestrado
(USP/2005) realizado pelo bisneto de Tupynambá, o pesquisador Marcelo Tupinambá
Leandro, 1917 e 1918 foram os anos de maior sucesso de vendas das músicas do
compositor. Naquela época, mesmo com sua decisão de não se dedicar
exclusivamente à música, suas canções de estilo “tango” e “maxixe” já eram
reconhecidas como criações triunfais e “genuinamente nacionais”. As canções
populares de Tupynambá se entrelaçavam a composições de outros músicos
contemporâneos, como Chiquinha Gonzaga, Donga e Joubert de Carvalho. O mesmo
estudo apontou ainda que, no contexto da história da cidade de São Paulo, os
fatores de maior difusão da obra de Tupynambá foram: o “teatro musicado” (como
a Revista “São Paulo Futuro” musicada por ele em 1914) e a “impressão de
partituras” às editoras musicais. Suas obras apreciadas no teatro e cinema,
escritas em partituras para depois serem gravadas, eram a garantia do
reconhecimento de Marcello como músico cuja obra se popularizava, não só pelo
público, mas pelos temas de brasilidade e regionalismo.
O “tango” e o “maxixe”, como canções
populares, se aproximavam das camadas médias da sociedade, por conta de
mudanças estruturais que davam leveza à melodia. De um estilo instrumental,
esse tipo de música se transformou em canção, com cantores, interpretação em
teatro, apresentação em cinema, exibição em cafés e bailes. Enfim, em conexão e
sinergia à vida urbana. Na capital e no interior. [continua].
Referências bibliográficas:
ALMEIDA, Benedito Pires de. Marcelo Tupinambá: Obra Musical de Fernando Lobo. São Paulo: Ed. do Autor, 1993.
LEANDRO, Marcelo Tupinambá. A criação musical e o sentido da obra de Marcello Tupynambá na música brasileira (1910-1930). Dissertação de mestrado. Departamento de Música da
Escola de Comunicações e Artes, USP. Orientadora: Drª. Flávia Camargo Toni. 2005.
Escola de Comunicações e Artes, USP. Orientadora: Drª. Flávia Camargo Toni. 2005.
MENEZES, Ruy. Espiral: história do desenvolvimento cultural de Barretos. Barretos: Intec, 1985, p. 165-170.
Link da publicação no site do jornal "O Diário":
Artigo original do jornal "O Diário", 12/06/2019, p. 2:
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