ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 18 DE JUNHO DE 2019 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS
Desde os tempos em que morou em Barretos e
Olímpia, de 1917 a 1921, Marcello Tupynambá (pseudônimo de Fernando Lobo) já
compunha músicas com temáticas regionalistas e nacionalistas. Saindo do
universo exclusivamente eurocêntrico, o contexto de atuação de Tupynambá se deu
no momento do pré-modernismo, onde os ares da cultura genuína brasileira começavam
a se enraizar nos artistas.
Por uma simples análise dos títulos
das músicas de Tupynambá fica evidente a identidade interiorana e paulista:
“Tristeza de Caboclo”, “Andorinha”, “Ao som da viola”; “Até a vorta”; “Cabocla
apaixonada”; “Cateretê”, etc. Para muitos estudiosos que o biografaram, a
brasilidade, o nacionalismo, o sertanismo e o folclore de suas canções advém
principalmente da literatura da época. Literatura representada por contistas
como Valdomiro Silveira, que desde 1900 tinha seus contos publicados no jornal
“O Sertanejo” (de Barretos). O folclorismo do compositor
era aparente até em seu pseudônimo, ao qual remetia ao nacionalismo brasileiro
(Tupynambá) e à música erudita em si (Marcello, personagem da ópera La Bohème,
de Puccini).
Fica, portanto, uma reflexão: como a
passagem de Tupynambá por Barretos o teria influenciado nessas composições de
caráter regionalista? Em especial, por ser justamente nos anos de maior sucesso
de suas canções. Em 1983, no jornal “O Estado de S. Paulo”, a pesquisadora Léa
Vinocur Freitag, confirma essa influência: “a
obra de Marcelo Tupinambá inspira-se ainda em fontes regionais de Itu, Barretos
e Olímpia. O samba rural paulista e o cateretê são constantes na cultura
popular paulista, e o melodismo de Tupinambá assinalava a influência italiana,
que se aculturava no interior” (p. 37). Já em 1946, em entrevista para o
jornal “A Noite”, o próprio compositor revelava: “Aqueles lugares me deixaram profundas marcas de saudades e de
inspirações: em Olímpia, em Barretos e em Santo Antônio do Veadinho, [...],
vivi dias felicíssimos onde encontrei minha grande ventura e o motivo de várias
músicas”. [continua].
Referências bibliográficas:
ALMEIDA, Benedito Pires de. Marcelo Tupinambá: Obra Musical de Fernando Lobo. São Paulo: Ed. do Autor, 1993.
LEANDRO, Marcelo Tupinambá. A criação musical e o sentido da obra de Marcello Tupynambá na música brasileira (1910-1930). Dissertação de mestrado. Departamento de Música da
Escola de Comunicações e Artes, USP. Orientadora: Drª. Flávia Camargo Toni. 2005.
Escola de Comunicações e Artes, USP. Orientadora: Drª. Flávia Camargo Toni. 2005.
FREITAG, Léa V. Marcelo Tupinambá, um caboclo inovador. In: Jornal O Estado de S. Paulo", 3 de julho de 1983, p. 37.
Link da publicação no site do jornal "O Diário":
Artigo original do jornal "O Diário", 18/06/2019, p. 2:
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