terça-feira, 18 de junho de 2019

130 ANOS DE MARCELLO TUPYNAMBÁ (PARTE III)

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 18 DE JUNHO DE 2019 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS
 


Desde os tempos em que morou em Barretos e Olímpia, de 1917 a 1921, Marcello Tupynambá (pseudônimo de Fernando Lobo) já compunha músicas com temáticas regionalistas e nacionalistas. Saindo do universo exclusivamente eurocêntrico, o contexto de atuação de Tupynambá se deu no momento do pré-modernismo, onde os ares da cultura genuína brasileira começavam a se enraizar nos artistas.
            Por uma simples análise dos títulos das músicas de Tupynambá fica evidente a identidade interiorana e paulista: “Tristeza de Caboclo”, “Andorinha”, “Ao som da viola”; “Até a vorta”; “Cabocla apaixonada”; “Cateretê”, etc. Para muitos estudiosos que o biografaram, a brasilidade, o nacionalismo, o sertanismo e o folclore de suas canções advém principalmente da literatura da época. Literatura representada por contistas como Valdomiro Silveira, que desde 1900 tinha seus contos publicados no jornal “O Sertanejo” (de Barretos). O folclorismo do compositor era aparente até em seu pseudônimo, ao qual remetia ao nacionalismo brasileiro (Tupynambá) e à música erudita em si (Marcello, personagem da ópera La Bohème, de Puccini).
            Fica, portanto, uma reflexão: como a passagem de Tupynambá por Barretos o teria influenciado nessas composições de caráter regionalista? Em especial, por ser justamente nos anos de maior sucesso de suas canções. Em 1983, no jornal “O Estado de S. Paulo”, a pesquisadora Léa Vinocur Freitag, confirma essa influência: “a obra de Marcelo Tupinambá inspira-se ainda em fontes regionais de Itu, Barretos e Olímpia. O samba rural paulista e o cateretê são constantes na cultura popular paulista, e o melodismo de Tupinambá assinalava a influência italiana, que se aculturava no interior” (p. 37). Já em 1946, em entrevista para o jornal “A Noite”, o próprio compositor revelava: “Aqueles lugares me deixaram profundas marcas de saudades e de inspirações: em Olímpia, em Barretos e em Santo Antônio do Veadinho, [...], vivi dias felicíssimos onde encontrei minha grande ventura e o motivo de várias músicas”. [continua].

Referências bibliográficas:

ALMEIDA, Benedito Pires de. Marcelo Tupinambá: Obra Musical de Fernando Lobo. São Paulo: Ed. do Autor, 1993.
LEANDRO, Marcelo Tupinambá. A criação musical e o sentido da obra de Marcello Tupynambá na música brasileira (1910-1930). Dissertação de mestrado. Departamento de Música da
Escola de Comunicações e Artes, USP.  Orientadora: Drª. Flávia Camargo Toni. 2005.

FREITAG, Léa V. Marcelo Tupinambá, um caboclo inovador. In: Jornal O Estado de S. Paulo", 3 de julho de 1983, p. 37.

Link da publicação no site do jornal "O Diário":


Artigo original do jornal "O Diário", 18/06/2019, p. 2:


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