ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 9 DE JULHO DE 2019 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS
Soldados constitucionalistas de Barretos em estudos durante a guerra paulista de 1932. (Fonte: Acervo do Museu "Ruy Menezes", Barretos-SP) |
Travada
pelo governo paulista, militares da Força Pública e setores da sociedade civil,
a Revolução Constitucionalista de 1932 pode ser estudada em diversos pontos de
vista e assuntos. Por três meses, o conflito motivado pela insatisfação
paulista quanto à ditadura varguista, repercutiu na formação de batalhões em
diversos munícipios paulistas. Milhares de soldados paulistas (civis e
militares), em maioria despreparados, se envolveram em confrontos com soldados
mineiros, goianos, cariocas e outros.
No final, os conflitos geraram
memórias individuais, de cada soldado. Memórias nem sempre boas, afinal se
tratava de uma guerra civil. Vidas foram ceifadas. No lado paulista, quase 700
baixas oficialmente foram computadas. Analisando o número em estatística,
parece frio; mas, o cenário fica real quando olhamos as vidas tiradas
individualmente, no contexto da história dos batalhões e das cidades de origem.
Barretos foi uma das cidades que
sediou batalhões e arregimentou voluntários. Foram 583 jovens alistados, a
maioria em combate. Alguns foram mortos, os números são até conflituosos. Inicialmente,
o Batalhão de Barretos se denominou “Cel Teopompo de Vasconcelos”, mas, semanas
depois, esse mesmo batalhão foi incorporado ao “Batalhão Júlio Marcondes
Salgado” de Rio Claro. A partir de então, os barretenses divididos em
companhias, pelotões e tropas viveram dias difíceis nos Portos do Cemitério,
Maricota, Antônio Prado, Taboado, na Barra Grande, Córrego da Onça, assim como
em Eleutério, Barão Ataliba Nogueira, Itapira, Mogi-Mirim, São José do Rio
Pardo, Campinas e outros locais. Os relatos são interessantes e reais. Alguns,
cruéis.
Somente alguns tiveram memórias
registradas para o futuro. E, por esses poucos registros, verifica-se a
consonância de duas ideias: o entusiasmo de muitos em lutar pela
constitucionalização e as péssimas condições de combate. Que hoje, possamos
refletir sobre a vida dos soldados
constitucionalistas, inclusive àquelas interrompidas. Muitos eram meninos.
Meninos. [continua].
Fonte:
ROCHA, Osório Faleiros (obra póstuma). Reminiscências, volume II. Ribeirão Preto: Editora Cori, 199(?).
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