terça-feira, 16 de julho de 2019

OS SOLDADOS CONSTITUCIONALISTAS (PARTE I)

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 9 DE JULHO DE 2019 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS


Soldados constitucionalistas de Barretos
 em estudos durante a guerra paulista de 1932.

(Fonte: Acervo do Museu "Ruy Menezes", Barretos-SP)
             Travada pelo governo paulista, militares da Força Pública e setores da sociedade civil, a Revolução Constitucionalista de 1932 pode ser estudada em diversos pontos de vista e assuntos. Por três meses, o conflito motivado pela insatisfação paulista quanto à ditadura varguista, repercutiu na formação de batalhões em diversos munícipios paulistas. Milhares de soldados paulistas (civis e militares), em maioria despreparados, se envolveram em confrontos com soldados mineiros, goianos, cariocas e outros.
            No final, os conflitos geraram memórias individuais, de cada soldado. Memórias nem sempre boas, afinal se tratava de uma guerra civil. Vidas foram ceifadas. No lado paulista, quase 700 baixas oficialmente foram computadas. Analisando o número em estatística, parece frio; mas, o cenário fica real quando olhamos as vidas tiradas individualmente, no contexto da história dos batalhões e das cidades de origem.
            Barretos foi uma das cidades que sediou batalhões e arregimentou voluntários. Foram 583 jovens alistados, a maioria em combate. Alguns foram mortos, os números são até conflituosos. Inicialmente, o Batalhão de Barretos se denominou “Cel Teopompo de Vasconcelos”, mas, semanas depois, esse mesmo batalhão foi incorporado ao “Batalhão Júlio Marcondes Salgado” de Rio Claro. A partir de então, os barretenses divididos em companhias, pelotões e tropas viveram dias difíceis nos Portos do Cemitério, Maricota, Antônio Prado, Taboado, na Barra Grande, Córrego da Onça, assim como em Eleutério, Barão Ataliba Nogueira, Itapira, Mogi-Mirim, São José do Rio Pardo, Campinas e outros locais. Os relatos são interessantes e reais. Alguns, cruéis.
Somente alguns tiveram memórias registradas para o futuro. E, por esses poucos registros, verifica-se a consonância de duas ideias: o entusiasmo de muitos em lutar pela constitucionalização e as péssimas condições de combate. Que hoje, possamos refletir  sobre a vida dos soldados constitucionalistas, inclusive àquelas interrompidas. Muitos eram meninos. Meninos. [continua].

Fonte:
ROCHA, Osório Faleiros (obra póstuma). Reminiscências, volume II. Ribeirão Preto: Editora Cori, 199(?).

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