ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 16 DE JULHO DE 2019 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS
Soldados constitucionalistas em trincheiras. (Fonte: Acervo do Museu "Ruy Menezes", Barretos-SP) |
Memórias
deixadas por alguns soldados constitucionalistas de Barretos nos fazem divagar
sobre as cenas de guerra que aquele julho de 1932 experimentava. São essas
experiências importantes fontes para a reconstrução da história do Brasil, do
estado e da cidade. Reduzir a escala de observação da história é dar voz a
esses personagens.
Os portos do Rio Grande, fronteira
entre os estados de SP e MG, foram cenários de guerras reais naqueles três
meses de combate. Barretenses e voluntários de toda a região, eram organizados
em tropas pequenas para guarnecer as fronteiras, as quais na outra margem apresentavam
mineiros, goianos e outros soldados legalistas e mercenários como inimigos.
Em setembro, Osório Rocha, aos 47 anos, foi
ordenado comandante de uma pequena tropa para proteger o setor de Barra Grande,
próximo a Guaraci. Ele narra horas noturnas sofríveis, quando por mais de 4
horas os inimigos atiravam e ele solicitava reforços de Olímpia. Descreveu
também sobre o acampamento: “No local
havia duas ou três choças de capim e palmas de buriti. Armamos algumas
barracas. Ao fundo da minha barraca construí uma cabana, que ficou servindo de
escritório. Junto à porta, uma pequena bandeira do Brasil. Os soldados, à beira
do fogo, à noite, conversavam, contavam piadas e cantavam” (Reminiscências,
II, p. 150)
Dias depois, já no Córrego da Onça, próximo
a Laranjeiras, Osório narra as péssimas condições dos soldados: “As minhas praças estão dormindo sobre
palhas de coqueiro, inteiramente desabrigadas e sujeitas a contrair moléstias
graves, devido ao frio das madrugadas e aos pernilongos transmissores de febres
malignas”. (p. 151)
Se na cidade o panorama era
alarmante, visto que várias vezes boatos de invasões exaltavam os ânimos dos
moradores, no ambiente rural, onde eram acampados os soldados, o constante
barulho de tiros, a insegurança pela falta de estrutura, baixas e capturas, nos
fazem enxergar como “bravura” a coragem desses jovens. [fim].
Fonte:
ROCHA, Osório Faleiros (obra póstuma). Reminiscências, volume II. Ribeirão Preto: Editora Cori, 199(?).
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