terça-feira, 5 de janeiro de 2021

E SE? (Parte 5)

 ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 30 DE DEZEMBRO DE 2020 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS  

Se eu pudesse voltar no tempo, provocativa como sou, chamaria o Conselheiro Antônio Prado para uma conversa séria e dele tentaria arrancar suas reais impressões sobre Barretos, o motivo de tanto investimento na boca do sertão. E, aproveitando que a praça da estação possui o nome dele, eu prestaria bastante atenção na posição exata da primeira estação de 1909, pequena, só para confirmar a minha ideia de que ela ficava exatamente onde se encontra a atual.

Eu voltaria ao final do século XIX, quando a praça ainda não era ajardinada e se chamava “Nossa Senhora da Conceição”, só para visualizar as casas de estilo colonial ao seu entorno, e como era enxergar na colina do outro lado da cidade, a primeira capelinha do Rosário. Ah, como eu tenho curiosidade para saber como era essa capelinha... Aproveitando o centro da cidade, eu correria para ver a fachada do “Colégio São João”, do Cel. Almeida Pinto, só para ver o icônico letreiro “Ave Lux”.

Pulando o tempo, eu observaria atenta a ida e o retorno, na estação, dos jovens pracinhas que de Barretos saíram para lutar nas cidades italianas durante a 2ª Guerra Mundial. Queria muito ver o Bezerrinha fardado junto ao seu violão, e o sr. Luiz Brandão tão jovem. Em falar em confronto, eu assistiria – escondida, é claro – aos tiroteios épicos que a cidade viveu, especialmente aquele no teatro em 1919, em véspera de eleição, outros tantos na “casa branca” do dr. Antônio Olympio e o lendário tiroteiro na Estação em 1932. Assistiria boquiaberta o revolucionário Filogônio prendendo o delegado na cadeia e iniciando sua revolta em 1925, esperando a Coluna Prestes passar.

Mas, se de verdade eu pudesse voltar no tempo, 1918 seria meu destino só para ver como os barretenses realmente lidaram com a pandemia da Gripe Espanhola, num momento em que nem vacina era cogitada para tal. Só para ter o gosto de sentir como no presente somos “privilegiados”, sabendo da pandemia futura de 2020. [fim] [na verdade sem fim, porque as lacunas na história da cidade só se multiplicam].

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