sexta-feira, 7 de novembro de 2008

Lembranças de ex-aluno

“O passado não é o antecedente do presente, é sua fonte.”
(Ecléa Bosi)

Em uma agradável conversa com meu avô, Antônio Ribeiro de Oliveira, descobri que ele foi aluno do “3º Grupo Escolar” nos anos de 1949, 1950 e 1951, hoje E. E. “Cel. Almeida Pinto”. Através disto, foram observados alguns casos interessantes que, se contextualizados com a história do país e da cidade, poderão render bons frutos à memória escolar. Além do mais, tais casos refletem a situação educacional da época e possibilitam pesquisas acadêmicas neste âmbito.
Considerando que o prédio da escola foi inaugurado em 1951, conta o ex-aluno que a comunidade do local não estava de acordo com sua construção. Isso aconteceu em razão da própria localidade do prédio, no “Largo São Sebastião”, pois, segundo a comunidade, o lugar era de posse do Santo e, por isso, deveria ser construída uma Igreja e não uma escola. Com a doação do terreno pela Prefeitura Municipal, na administração do Prefeito João Ferreira Lopes, o prédio foi construído com as verbas do governo estadual. Entretanto, “o prédio começou a rachar, rachaduras leves, e o povo começou a falar que foi por causa do Santo”, relatou Antônio, que muito atentamente observava os acontecimentos e não acreditava que as rachaduras eram castigos do Santo.
Lembra Antônio, com alegria, dos Desfiles Cívicos, onde os alunos apresentavam-se todos os anos com a Fanfarra da Escola. Todos os dias dentro da sala, antes do início da aula, os alunos cantavam o Hino Nacional e era certo o respeito ao Diretor, talvez por temer sua atitude. As matérias eram divididas em quatro, valendo cem pontos cada uma: Linguagem Escrita, Leitura e Linguagem Oral, Aritmética e Conhecimentos Gerais.
A memória do ex-aluno desencadeou, entre muitos sorrisos, todo o cenário escolar da década de 50. Durante a conversa, percebem-se características como o misticismo e a religiosidade da comunidade, o patriotismo escolar e a ativa participação dos alunos nos eventos sociais da cidade, não meramente por comemorar datas cívicas, mas, pela simples felicidade em apresentar-se ao público com as músicas ensaiadas e representar gloriosamente sua escola. Por fim, lembrar o passado é ajudar buscar referenciais ao presente, ainda mais pelas lembranças de uma figura por vezes esquecida na história: o aluno.

Observações: Olhando as fichas de exame do vovô, reparei que foi um bom aluno, entre elas, foi “promovido” em 1951 pela Profª Nelsy Bernardi: Parabéns!
Agradecimentos à Direção da E.E. “Cel. Almeida Pinto” pela disponibilidade dos arquivos.

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL ''O DIÁRIO'', EM 07 DE NOVEMBRO DE 2008.

Um comentário:

Elen Nishida disse...

Seja menos jornalista ao falar do teu avô, menina hahaha