sexta-feira, 9 de outubro de 2009

BARRETOS NA HISTÓRIA DO BRASIL

O final do século XIX foi um dos principais momentos de transformação na História do Brasil, onde vários debates acerca do abolicionismo e republicanismo envolviam os intelectuais da época e atingiam também as classes sociais economicamente subalternas. Poucos anos antes da Proclamação da República, veio à tona uma série de discussões, veiculadas através da imprensa paulista, diante da questão do “separatismo paulista” e suas reivindicações políticas ao Imperador Pedro II.
O estudo da historiadora Cássia C. Aducci levanta os artigos publicados pelos separatistas nos jornais paulistas e os relacionam com o contexto político da época, tendo como resultado um importante estudo sobre a micro-história, tornando possível também chegarmos a história de Barretos. Primeiramente, a Província de São Paulo nos anos de 1880, era dona de grande parte do poderio econômico do país, em razão de suas atividades cafeeiras e agrário-exportadoras, porém, alegava que o governo imperial não lhe concedia espaço e autonomia no cenário da política nacional.
Em vista disso, surgiram em 1887 os “separatistas paulistas” justificando seus pensamentos por motivos como: corte de verba a São Paulo, nomeação de interventores não paulistas à Província, progresso espantoso da Província, exigüidade numérica de sua representação e grandeza de sua renda. Entre tais separatistas, Cássia Aducci destacou os nomes de Martim Francisco Ribeiro de Andrada Filho (neto de José Bonifácio, líder da Independência do Brasil) e Joaquim Fernando de Barros. E é através deste último nome que podemos chegar a história de Barretos.
Segundo a historiadora, Joaquim Fernando de Barros aderiu à luta separatista quando publicou no jornal A Província, em 11/02/1887, o artigo “Amigo Nemo” – Nemo era o pseudônimo de Martim Francisco. Porquanto, Joaquim Fernando de Barros também foi o ator da principal obra separatista deste período, A Pátria Paulista, onde foram organizados os artigos de tais separatistas publicados na imprensa. Todas estas informações também constam no jornal de Barretos da época, “O Sertanejo”, o qual no dia 07 de abril de 1901 publicava o falecimento do Juiz de Direito Joaquim F de Barros.
Sim, o mesmo Joaquim Fernando de Barros citado no artigo da historiadora Cássia é o mesmo Juiz de Direito nomeado em Barretos desde 1895, um dos fundadores da Maçonaria Fraternidade Paulista e que hoje jaz no Cemitério Municipal de Barretos. Foi empresário de serraria a vapor em São Paulo, morador de Itu, membro da Assembléia Provincial na época do Império e, depois, na República, membro do Partido Republicano Paulista. Esta personalidade, com certeza, é digna de maiores especulações de estudo, pois traz consigo um passado político curiosíssimo e pode-nos ajudar a contextualizar a história de Barretos com a História do Brasil, tornando possível o preenchimento de algumas lacunas da história do período republicano barretense.

REFERÊNCIA: www.scielo.org

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO" (BARRETOS/SP) EM 09 DE OUTUBRO DE 2009.

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