No próximo dia 31 de março, a cidade há de se recordar dos 110 anos que fazem a fundação da imprensa oficial em Barretos. Afinal, foi em 31 de março de 1900 que a comissão de redatores e correspondentes publicava a primeira edição do jornal O Sertanejo, um jornal hebdomadário (semanal) que mais tarde tornara-se Orgão do Partido Republicano. Sob esta designação de “republicano”, o jornal provocou inúmeras polêmicas ao colocar em cheque questões políticas locais e nacionais, e também tentou estimular novas visões culturais diante uma cidade recém-formada e um tanto isolada dos acontecimentos políticos que procuravam transformar a sociedade brasileira.
A imprensa oficial em Barretos surgiu num momento de transição política no Brasil, pois completavam 12 anos da Abolição da Escravatura e 11 anos da Proclamação da República. Isto posto, é notável a relação da fundação da imprensa local com os últimos acontecimentos nacionais da época, uma vez que, os próprios membros fundadores do jornal possuíam históricos de suas vidas pessoais interligados com os movimentos republicanos e abolicionistas ocorridos nas capitais. Vale citar que o principal nome da época era o redator-chefe do jornal, o Cel. Silvestre de Lima.
Pois bem, é visível que a imprensa barretense não surgiu ao acaso. Assim como tantas outras, fossem por interesses meramente pessoais de coronéis interessados em garantir seus poderes políticos ou por reais intenções de compromisso à transformação política, ela foi fundada para difundir e exaltar o ideal republicano na cidade e assim o fez, pelo menos nos três primeiros anos de suas publicações.
Em vista do notável poder de influência que a imprensa jornalística exercia sobre a população, mesmo que a maioria desta não soubesse ao menos ler e escrever, O Sertanejo também foi alvo de perseguição e censura. Pois, a partir de certo tempo, o jornal foi comandado por outra facção política local, que possuíam outros ideais de República, talvez uma República não tão perfeita como sonhara seus primeiros defensores. Foi então que, O Sertanejo passou a exibir outros assuntos, outras colunas e outros colaboradores até o ano de 1915 em sua edição final.
Por fim, o jornal O Sertanejo, assim denominado pela visão de que Barretos era um sertão distante da “civilização”, é uma das principais fontes históricas que nós, barretenses, possuímos para desvendar nossa história. Através dele, incrivelmente, adentramos no cenário local do início do século XX e sentimos como era a vida em Barretos, em meio a lutas e censuras políticas, mudanças de mentalidades e histórias que são contadas até hoje.
ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO" (BARRETOS/SP), EM 26 DE MARÇO DE 2010.
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