É hábito entre alguns barretenses guardar os antigos pertences de família como se fossem peças raras de valor simbólico, preciosas aos olhos da memória da cidade. Outros, porém, não se atém a tamanho cuidado, uma vez que nem passa pela mente a ideia de que certos objetos poderiam ser uteis sê somados a contextos históricos. Em poucas palavras, guardar peças ou documentos dos antepassados é significativamente positivo do ponto de vista da história local, ainda mais se ter como conseqüência a “divisão” destes pertences com a comunidade, seja através de doações ou empréstimos para trabalhos acadêmicos sérios e comprometidos com a verdade histórica.
Fotografias, documentos, jornais, cartas, objetos, gravações, ilustrações, mapas, projetos arquitetônicos e demais registros são fontes de estudos para historiadores que intentam resgatar a integridade de determinados períodos históricos. Assim sendo, os pertences antigos de uma família guardados cuidadosamente ao longo de muitos anos podem se transformar em instrumentos de trabalho a um historiador, que os utiliza com o maior cuidado possível, sempre respeitando o material e o comprometimento com a família. Deste modo, o historiador se torna uma espécie de “detetive” tentando juntar o máximo de peças possíveis para formar o quebra-cabeça do recorte histórico que ele escolheu. Além dos documentos e objetos em si, o historiador utiliza como ferramentas as luvas - para proteger a si mesmo e o próprio material que deve ser manuseado com zelo; máscaras - caso o material seja muito antigo e um tanto tóxico; lupas - para decifrar as antigas caligrafias escritas à caneta de pena, dentre outros. É necessário ainda, a total concentração na leitura e análise dos documentos, as anotações de detalhes, a memorização de dados relevantes no trabalho e o entendimento do contexto histórico da época estudada, pois os documentos isolados não falam por si só.
As fotografias podem revelar detalhes que vão além do que está explicito, por exemplo, podem mostrar os modos de vestir e comportamento das pessoas, as diferenças sociais, os tipos de comemorações festivas, as crenças religiosas e culturais, os hábitos alimentares e muito mais. Já os registros escritos são fontes mais precisas, onde o historiador necessita encontrar “perguntas” que serviriam como referências para as possíveis respostas dadas por estes documentos.
É, portanto, exemplo de um trabalho sério o projeto da história da Santa Casa de Misericórdia de Barretos que completa 90 anos de acolhimento em 2011. Por isso, as famílias barretenses que dispuserem de materiais históricos, como os já citados, e aceitarem emprestá-los para serem usados como fontes de estudos, estão convidadas a procurar a instituição para colaborarem com o projeto. Pois, a história de uma instituição tradicional como a Santa Casa, comprometida com o trabalho de historiadores, só poderá ser resgatada se estiver conjunta à história das famílias barretenses, para que assim mais um passo da história de Barretos possa ser dado.
ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO" (BARRETOS/SP) EM 01 DE OUTUBRO DE 2010.
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