domingo, 10 de outubro de 2010

UMA CASA DE CARIDADE (I)



             No início do século XX em Barretos surgiram algumas instituições que desenharam um novo cenário para o antigo arraial, que, então, passou a ter “forma” de cidade. Estas instituições, desde o início, transformaram o cotidiano de parte da população barretense, que, aos poucos, se adaptava a uma vida mais... “urbana”. De uma sociedade que até então, no século XIX, tinha sua administração regida pela Igreja, os barretenses passaram a ter acesso ao cartório, ao paço municipal, ao cemitério, ao Grêmio Literário, enfim, cada associação com sua respectiva função.
Dentre estas, nota-se também o alvorecer da Sociedade Espírita “25 de dezembro”, que, com a liberdade de culto garantida pela Constituição de 1891, foi fundada em 1906 por membros ligados as outras associações culturais surgidas na mesma época. A doutrina espírita que surgiu na França ainda no século XIX, ganhava novos adeptos no Brasil a partir de estudos filosóficos, científicos e experimentais discutidos por intelectuais da época, e em Barretos sua adesão também era expressiva. Havia, portanto, a necessidade de abrigar uma instituição comprometida com sérios estudos das causas sobrenaturais, e que tinha por finalidade a pregação da caridade e a divulgação das obras da doutrina.
Foi então que, em 25 de dezembro de 1906 foi fundada a primeira Sociedade Espírita de Barretos, hoje uma das mais antigas casas espíritas em funcionamento do Brasil, e sempre atuante em trabalhos assistencialistas que mantiveram compromisso com a comunidade. A começar pela criação do primeiro hospital de Barretos, a Casa de Caridade, fundada em 1911 e extinta em 1920, quando em 1921 houve a fundação da Santa Casa de Misericórdia de Barretos. Durante o período de seu funcionamento, o diretor-clínico da Casa de Caridade foi o médico maranhense Raymundo Mariano Dias e, segundo o livro de registro dos pacientes, atuavam como médicos sete homens: Dr. Henrique de Menezes Pamplona, Dr. Marcos Candido Martins, Dr. José Gurjão, Dr. José Caldas, Dr. Guilherme Gonçalves, Dr. Alves Martins e Dr. Frederico Toledo. Dentre os quais, pelo menos três estavam presentes no primeiro corpo clínico da Santa Casa.  
            O livro de registro dos pacientes, acervo particular da instituição, é datado de 1919 a 1920 e nele constam informações preciosas da época. Quer saber mais sobre alguns detalhes da Casa de Caridade e outras atividades da Sociedade Espírita “25 de dezembro” no passado? Então... aguarde até a próxima semana! Estaremos aqui neste mesmo espaço.

REFERÊNCIAS: Acervo particular da Sociedade Espírita “25 de Dezembro”.

      ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO" (BARRETOS/SP), EM 08 DE OUTUBRO DE 2010.

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