terça-feira, 10 de dezembro de 2019

A POESIA DO ARQUIVO – PARTE III


ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 10 DE DEZEMBRO DE 2019 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS 

      
Karla (historiadora) e Raquel (museóloga) no arquivo do Museu "Ruy Menezes"
(Foto de 2014)
     
Tem um momento em que o historiador ou pesquisador (sim, tem diferença entre os termos) precisa não se importar tanto com a poesia do arquivo: quando o essencial é a preservação do documento e a acessibilidade a ele. Quanto menos se manuseia um documento, mais condição de durabilidade se oferece a ele. Em um documento raro ou em estado avançado de degradação é necessária sua digitalização, para salvaguardar as informações ali contidas e a sua sobrevida.
            A tela fria do computador, contendo nele os documentos digitalizados, pode não ser tão “poética” quanto o manuseio com as luvas e a proximidade com a textura do papel, mesmo assim, a conservação do material é primordial. Além de que, na maioria dos casos, torna-se até mais confortável a leitura do documento digitalizado, com opções de zoom, recortes e jogos de luzes.
            Os arquivos digitais vieram para ficar. Já são realidade nos grandes centros do Brasil e permitem o acesso à informação de uma forma avassaladora, na velocidade da internet. A Biblioteca Nacional oferta aos navegantes de seu site uma hemeroteca digital que possibilita a leitura de jornais do país inteiro, assim como revistas e diversos tipos de manuscritos. No estado de São Paulo, o Arquivo do Estado de São Paulo dispõe virtualmente de um repositório digital que integra variados tipos de documentos, inclusive temáticos como imigrantes, educação, saúde, etc. A Biblioteca Mário de Andrade, o jornal “O Estado de São Paulo” e o Instituto Brasileiro de Pesquisas também transbordam arquivos preciosos para consulta. São múltiplas as instituições públicas e privadas que democratizaram seus arquivos por meio da internet, mesmo que em alguns casos seja essencial a presença física.
            Pesquisar onlline pode ser menos poético, mas não menos importante. Sem o tato e o olfato, ao menos a visão dá condições perfeitas de diálogo com o passado. A poesia do arquivo encontra-se também na nobreza de sua conservação. [fim].  

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