PELA PROFª ESP. KARLA ARMANI MEDEIROS, EM 13 DE NOVEMBRO DE 2018, NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS", PÁGINA 2
Dr. Raymundo Mariano Dias, líder espírita em Barretos. (Foto do jornal "Correio de Barretos" 1942, Acervo Museu "Ruy Menezes") |
O nosso jornal “O Sertanejo” fora usado
como veículo de propaganda das obras da “Associação
Feminina Beneficente e Instrutiva do Estado de São Paulo” (1901), presidida
pela educadora Anália Franco e direcionada às órfãs e mulheres do estado e no
interior. Exemplo que demonstra o quanto as ações educativas de Anália Franco
foram, de certo modo, acolhidas em Barretos. Afinal, em 1907, por intermédio de
Francisco Honorato – político local e fundador da Sociedade Espírita “25 de
Dezembro” (1906), chegou a ser fundada na cidade uma sede da “Escola Maternal”
da Associação Feminina.
Todavia, sabemos que a Educação não era a
única bandeira de Anália Franco. Ela defendia abertamente os princípios da
República, e isso era um dos fatores que a tornava bem aceita em vários
municípios. O que não se podia dizer o mesmo em relação à religião por ela
professada, o espiritismo - ainda não tão aceito. Anália sofrera perseguições. Aliás,
pelo próprio exemplo de Barretos, enxergamos nas ações dos membros da Sociedade
Espírita (Honora
to e R. Mariano Dias), a proteção necessária à educadora para a
propagação da educação feminina e a instalação de suas unidades de ensino na
cidade.
Francisco Honorato, líder espírita e membro forense de Barretos. (Foto revista O Malho, 15/7/1911, acervo da Biblioteca Nacional do RJ) |
Apesar do conteúdo caritativo e religioso
da Associação Feminina, Anália em suas publicações de jornais, revistas e
livros, caracterizava-a como uma instituição laica de ensino às mulheres; por
entender a necessidade da laicidade dentro da Educação. Tratava-se de uma
mulher culta, versada em leitura pedagógica, inspirada em teorias humanísticas
e de grandes pedagogos - como o suíço Pestalozzi (1746-1827). Portanto, Anália
Franco fora aquém da prática de ensino, ao produzir (ela mesma) os manuais para
professoras, livros didáticos, contos infantis e todo tipo de material
pedagógico da instituição.
Em seus textos, percebe-se a presença do
conceito de “educação moral”, uma mistura de sólidas bases pedagógicas com um
véu religioso/moral, mas sem crença definida, cujo objetivo era instruir e
assistir à população feminina tão vulnerável em várias faixas etárias. O que de
fato conseguiu, pelo menos até 1919, ano de sua morte. [continua].
Bibliografia básica e fontes:
MONTEIRO, Eduardo Carvalho. Anália Franco: a grande dama da educação brasileira. São Paulo: Madras, 2004.
O SERTANEJO, periódico hebdomadário de Barretos, 1903. Acervo do Museu "Ruy Menezes".
CORREIO DE BARRETOS, periódico de Barretos, 1942. Acervo do Museu "Ruy Menezes".
A VOZ MATERNAL, periódico oficial da Associação Feminina Beneficente e Instrutiva do Estado de São Paulo, 1903-1905. Acervo do Arquivo do Estado de São Paulo.
O MALHO, periódico do Rio de Janeiro - ano X, 15/7/1911. Acervo da Biblioteca Nacional.
Link da publicação no Jornal O Diário:
http://www.odiarioonline.com.br/noticia/79257/BARRETOS-E-ANALIA-FRANCO-PARTE-III
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