ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 19 DE DEZEMBRO DE 2018 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI
Praça
da Matriz nos anos 1920, quando o relógio ainda
não existia na torre da matriz. (Fonte: Arquivo do Museu "Ruy Menezes") |
“Hoje as nossas ruas, posto que não sejam
calçadas, estão regularmente decentes: vemos os largos principaes – da
Republica e Matriz, symetricamente arborizados com abundancia d’agua [...]. Entretanto,
força é confessar, ressentimos ainda dum melhoramento, que é inadiável [...]. Referimo-nos
a um bom Regulador Público, que, como em toda a communhão social, se encontra no fontisfício da egreja
principal”.
(“O Sertanejo”, 4 de outubro de 1906, p. 2).
Era o ano de 1906 quando o jornal “O
Sertanejo”, com edição de Mário de Oliveira e redação de Elias Pimenta, publicou
esta reportagem vislumbrando a instalação de um relógio na torre da matriz de
Barretos; hoje catedral. “Inadiável”, segundo seus dizeres. Mal sabiam eles,
que tal “melhoramento” demoraria vinte anos para acontecer. Já que fotografias
e a obra “Coração de Barretos” (J. P. Lombardi), deixam claro que o relógio só
foi instalado numa das torres da igreja entre 1926 a 1928. 20 anos depois!
Mais do que a demora da instalação
do relógio em relação ao texto de 1906, o intrigante é como o mesmo era tido
como necessário: “Um regulador publico no
centro duma cidade, é o thermometro que encaminha os operários para a atividade
do trabalho. Não é tudo: marca as horas das refeições, ensina o espaço de tempo
prescripto pelo medico para um pobre que não tem relógio dar remédio a um
doente; guia o roceiro da hora em que chegou a cidade e o orienta daquela em
que deve regressar a seu lar”, p. 2.
Matriz de Barretos com o relógio
Michellini já instalado.
(Fonte: Arquivo do Museu "Ruy Menezes"). |
Naquela época, Barretos não tinha
energia elétrica, nem estação ferroviária, o paço municipal ainda estava em
construção e o serviço de água era deveras polêmico. Por outro lado, a pecuária
fazia girar o comércio, médicos, professores e advogados já se viam por aqui,
assim como casas comerciais e instituições de diversas naturezas. E, por isso,
o belo relógio Michelini ali instalado na década de 20 não representava tão somente
a passagem das horas e o badalar do sino; era ele o símbolo do tempo da
“urbanidade”, o anúncio de “civilização” para aquela cidade que se “despia de suas vestes sertanejas”.
Fonte:
O SERTANEJO, jornal hebdomadário de Barretos, ano 1906. Arquivo do Museu "Ruy Menezes".
Link da publicação no jornal "O Diário":
http://www.odiarioonline.com.br/noticia/80250/RELOGIO-DA-MATRIZ-O-REGULADOR-PUBLICO
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