ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª KARLA O. ARMANI NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 05 DE DEZEMBRO DE 2018
Republicano e partidário, “O
Sertanejo” - primeiro jornal de Barretos -, nascia no ano de 1900 como uma
folha que noticiava, sobretudo, política; os sonhos e as desilusões da jovem
República que se anunciava no Brasil desde 1889. Entre algumas notas sociais
sobre eventos, viagens, nascimentos, casamentos, funerais, quermesses e
visitantes ilustres, vez ou outra, o jornal publicava alguns folhetins
literários.
Valdomiro Silveira (foto do site "uol") |
Dentre os literatos ali citados, um desperta
a atenção por sua particularidade: a linguagem caipira. Sua escrita reproduzia a
oralidade do caipira, junto com seus personagens e o universo rural. Chamava-se
Valdomiro Silveira. Ao pesquisar o nome de tal contista na atualidade, é notada
a grandeza de seu trabalho literário ao legado paulista.
Nascido em Cachoeira Paulista, em
1873, Valdomiro passou sua infância no interior, mas formou-se em 1895 em
Direito na Faculdade do Largo São Francisco na capital, conforme a maioria dos
intelectuais letrados da época. Conta a historiadora Célia R. da Silveira, em
seu mestrado (1997), que ao cursar a faculdade, o distanciamento do mundo rural
permitiu que o contista passasse a enxerga-lo com nostalgia e sentimento.
Características ímpares de sua literatura. Aliás, Silveira pertencia a uma
geração de autores nacionalistas – literatos, historiadores e antropólogos –
que escrevia a fim de elaborar uma identidade cultural ao paulista. Identidade
esta, a qual em tempos remotos era associada aos “heróis bandeirantes”, mas que
naquele alvorecer do século XX, tendia a outro personagem igualmente rural e
desbravador da natureza: o caipira.
Contudo, de todos os autores,
Valdomiro Silveira se diferenciava por colocar o “caipira” como personagem
autêntico, com feição de brasilidade. Isso não se evidenciava somente pela
descrição da fala original caipira, mas também pela recriação poética do
universo rural; que naquele período tornava-se “obscuro” pelos traços iniciais
da economia de mercado e urbanização. Era assim que, em seus contos, Valdomiro
evidenciava o passado como um tempo melhor que o presente. [continua].
Fontes e bibliografia:
O SERTANEJO, periódico de Barretos. Edições de 3/5/1903, 17/5/1903 e 23/8/1903. Acervo do Museu "Ruy Menezes".
JORNAL O LINCE (site). Artigo: SILVEIRA, Célia Regina. "A epopeia caipira em Valdomiro Silveira".
Link no site do jornal "O Diário":
http://www.odiarioonline.com.br/noticia/79868/VALDOMIRO-SILVEIRA-O-CONTISTA-REGIONAL-PARTE-I
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