ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª KARLA O. ARMANI NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 11 DE DEZEMBRO DE 2018, PÁGINA 2.
Fontes:
O SERTANEJO, periódico hebdomadário de Barretos. Edições entre maio a agosto de 1903. Acervo do Museu "Ruy Menezes".
Link da publicação no jornal "O Diário":
http://www.odiarioonline.com.br/noticia/80041/VALDOMIRO-SILVEIRA-O-CONTISTA-REGIONAL-PARTE-II
O primeiro conto do regionalista
Valdomiro Silveira foi publicado num jornal de Casa Branca, aos 14 anos. Somente
em 1920, publicou seu primeiro livro “Os Caboclos”; seguido por “Nas Serras e
nas Furnas” (1931), “Mixuangos” (1937) e “Leréias: histórias contadas por eles
mesmos” (1945, obra póstuma). Conforme seus contemporâneos, parte dos contos
era publicada em jornais do interior. O nosso “O Sertanejo” foi um deles, já
que não só de política tratava o jornal barretense, literatura era também
constante por ali.
Em 1903, quando fazia somente dois
meses que a direção do jornal “O Sertanejo” tinha sido transferida do Cel.
Silvestre de Lima para o dr. Antônio Olympio (ambos republicanos, mas com
posições e lideranças diferentes), os contos de Valdomiro começaram a ser
reproduzidos no jornal. Nos meses de maio e agosto, o jornal “O Sertanejo”
publicou os contos “Ao correr das águas”, “Com deus e as almas” e “Truque”.
Não há como não ler seus contos no
jornal, visto a linguagem ser tão fidedigna às expressões da época. Chama a
atenção. É envolvente a leitura. Nos três contos, os narradores são de alguma
maneira relacionados ao passado, os personagens pertencentes ao mundo rural e
caipira, e o cenário relacionado à natureza, rios, ribanceiras, matas, pousos e
estradas. O conto “Com deus e as almas”, por exemplo, é tão real ao falar dos
tropeiros, que chega a citar pousos em cidades, distritos e fazendas perto de
nossa cidade, como “Franca”, “Olhos D’Agua” e “Estiva”. Esta habilidade em
reproduzir a fala e o universo do caipira, segundo uma obra da filha de
Valdomiro – Júnia Silveira Gonçalves – foi adquirida em anotações que seu pai
fazia em festas populares e quermesses, as quais participava enquanto vivia no
interior de São Paulo, quando fora promotor público.
O fato de reproduzir a oralidade caipira
de forma literária, tornou-a passível de estudo e cientificidade. Criou uma
memória caipira original, pertencente a identidade regionalista de São Paulo, e
ao mesmo tempo, verteu o olhar para o caipira sem estigma. Eternizou a
oralidade caipira para o futuro. E cá estamos, estudando-a. [fim].
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