quarta-feira, 22 de maio de 2019

AS CRIANÇAS E A HISTÓRIA

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 21 DE MAIO DE 2019 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS

Levar crianças aos museus é fantástico.
Experimentem!
(Museu Ruy Menezes de Barretos-SP)

        Minha filha tem somente 3 anos, mas o suficiente para entender de forma sútil que o tempo é algo passageiro, que existem pessoas mais velhas, outras mais novas e objetos mais antigos que os atuais. Aos poucos, ela caminha para o entendimento da existência de um “tempo passado”. Sobre ele, a História e as antiguidades, ela ainda não entende os conceitos. Mas, sabe que existe um lugar que guarda e protege as “coisas do tempo da vovó”: o Museu. Percebe que ali se acondiciona objetos antigos, cuja tecnologia já foi substituída, e que a utilidade dá espaço à apreciação. A contemplação é vista pelos olhares curiosos das pessoas nas grandes vitrines que os acolhem. Isso encanta.
            Ela sente curiosidade pelos objetos antigos, especialmente os grandes ou àqueles que envolvem os animais. Às vezes a levo ao museu municipal e ali ela sempre destaca duas coisas: a arquitetura monumental avistada por uma criança de 1 metro de altura (que aos seus olhos lembra a Catedral), e a música (o chorinho).
Esse aspecto visual e sensorial dos museus para as crianças é substancial para o início da compreensão sobre o tempo do “passado” e a disciplina de História; que no futuro será apresentada na escola. Primeiro, as crianças devem “sentir” e “ver” o passado na simplicidade do cotidiano. Elas o percebem mediante aqueles objetos antigos em casa, as fotos amareladas e até em conversa dos avós e bisavós de cabelos brancos. É gradual o entendimento sobre o passado, mas essencial que seja algo atrativo, inquietante, curioso e repleto de significados.
            Depois, o “passado” é visualizado pelo tempo, o qual deixa de ser “ontem, hoje e amanhã” para ser enxergado como algo mais longínquo, contabilizado em anos, escrito em livros didáticos e verbalizado por professores de História. E, assim, se inicia o ensino de História: de forma natural na infância, em cores, objetos, texturas e visitas. Para, em seguida, a História se horizontalizar nos livros e ser entendida como algo a ser estudado, integrando o conhecimento. Historiar é humanizar, desde cedo.

Artigo original do jornal "O Diário", 21/05/2019, p. 2:

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