ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 24 DE SETEMBRO DE 2019 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS
José de Ávila ainda jovem. (Fonte: acervo original pertencente à família) |
Já amarelados pelo tempo, os
livretos de Zé de Ávila revelam prefácios notáveis assinados por amigos
escritores do poeta - a maioria do universo literário das trovas. São prefácios
que destacavam a capacidade do trovador em ligar-se diretamente ao leitor, não
só pelo diminuto tamanho das trovas (de fácil leitura e estética atraente), mas
pelas palavras simples e temáticas humanísticas.
A começar pelo livro “Chuva de
Flores” (1974), cujo prefácio foi assinado pela poetisa, escritora, professora
e musicista Carolina Ramos, de Santos, e presidente da União Brasileira de
Trovadores à época. Para sintetizar a competência do trovador, Carolina
poetizava: “Zé de Ávila, também
‘contraiu’ a trova. Sim, porque o trovar é febre. Febre por vezes,
intermitente, mas sempre difícil, ou impossível de ser curada”.
Outro vulto de trovadores no Brasil
era o crítico literário e escritor nordestino Aparício Fernandes (1934-1996),
que prefaciou o livro “Prata de Casa” descrevendo Zé de Ávila de forma sútil e
literária: “Zé de Ávila é um homem
sereno, que sabe explorar os ricos filões do seu mundo interior mas que lá não
permanece como um avarento guardado de tesouros. Pelo contrário, retorna, com
as mãos cheias de pérolas e flores, e com eles adorna e enriquece este mundo
tão carente das belezas do espírito. É verdade que em seus olhos nota-se às
vezes a melancolia dos que se habituaram a filosofar e seus lábios nem sempre
conseguem esconder um traço de ironia por saber que algumas de suas pérolas vão
para os porcos. Mas – seria ele capaz de dizer – os porquinhos também não são
criaturas de Deus?”.
Além deste, o jornalista e contista
Waldir de Luna Carneiro (1921-2019), no prefácio de “Loucura em Flor” (1983)
foi feliz em dizer - (palavras nas quais finalizo esta série): “Zé de Ávila é para ler, reler e guardar,
caro leitor, mas se um dia por descuido ou azar perder este volume, não se
aflija, consulte sua inteligência e seu coração, os versos e as trovas de Zé de
Ávila estão lá”. [fim].
Link da publicação no site do jornal "O Diário":
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