ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 3 DE SETEMBRO DE 2019 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS
Em
janeiro de 1943, no Grêmio Literário e Recreativo, barretenses assistiram uma
palestra do renomado escritor paulista Menotti Del Picchia (1892-1988).
Dissertara ele sobre “como os homens amam”, utilizando para tal obras clássicas
e o imaginário de pensadores ilustres. Palestra encantadora, segundo os
registros da época.
No entanto, Barretos não parece ter
sido rota do requintado escritor somente nesta visita. Afinal, apontando-me o
livro “Dente de Ouro”, escrito por Del Picchia em 1923 para o “Jornal do
Brasil”, meu amigo e professor de Literatura, André Branco, mostrou-me como o
autor colocou Barretos em sua rota literária.
O romance “Dente de Ouro” transpira
aquela fase modernista da literatura nacional, que, na ânsia de sublinhar uma
cultura genuinamente brasileira, destacava temas e personagens do Brasil
sertanista, da rotina interiorana, da língua caipira e dos costumes populares. A
personagem título do livro era um “fascínora”, desses “bandidos de faroeste”
que matavam a qualquer custo. Escrito em 1ª pessoa, o protagonista era o
delegado que, envolvido num romance com uma mulher admirada pelo bandido,
carregava a inquietação de capturar Dente de Ouro. A história se passava em São
José do Rio Preto, ao passo que, na última página, depois de um arrebatador
desfecho, o delegado termina a história sendo transferido para Barretos. Eis
que entra nossa cidade na rota literária do escritor!
A região da qual Barretos fazia parte,
incluindo Rio Preto e Ribeirão Preto, era marcada nos anos 1920 por este
sertanismo que gerava isolamento, violência e criminalidade. A dura realidade
da rotina popular. Tanto que no prefácio, Del Picchia explica a construção da
personagem a partir de sua vivência em Itapira (SP), citando inclusive bandidos
reais de sua cidade e da região, como o lendário “Dioguinho”.
Interessante notar como Del Picchia
fixou nossa cidade neste contexto histórico paulista, que serviu como mote das
grandes penas modernistas dos anos 1920. Barretos foi rota de Menotti del
Picchia, literal e literária.
Link da publicação no site do jornal "O Diário":
Artigo original publicado no jornal "O Diário", 3/9/2019, página 2:
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