ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 14 DE JANEIRO DE 2020 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS
Em 1920, no mês de maio, ocorria em
Barretos uma quermesse na Praça Francisco Barreto em benefício da Santa Casa de
Misericórdia de Barretos, que viria ser inaugurada no ano seguinte. Durante a
quermesse, foi organizado um espetáculo pela Barraca Portuguesa e pelo Ginásio
Sírio-Brasileiro para contribuir ao hospital. Tratava-se de uma conferência produzida
e lida pela educadora Brasília de Siqueira.
Esta, havia se instalado em Barretos
em 1919, onde chegou a abrir um externato. No ano anterior, havia ficado viúva
- seu marido Joaquim Cesar de Siqueira, falecido em Bebedouro, a deixava com
cinco filhos. Antes, ela tinha residido em Jaboticabal, cidade em que foi
diretora do “Collegio S. Paulo”. Fixada em Barretos e tida como uma professora cuja
intelectualidade era visível, foi convidada a palestrar a suas “companheiras
de sexo e de estado e aos chefes de família”.
O título da conferência era “A
influência da literatura didática sobre o destino dos povos”, expressão que
prenunciava assuntos paralelos e necessários. Acontece que, um mês depois, essa
mesma conferência era publicada na “Revista Feminina”, na edição nº 73, de
junho de 1920. Nesta publicação, a revista designa a Profª Brasília de Siqueira
como “distinta educadora paulista”, e, a respeito de sua conferência em
Barretos, a descreve como “uma notável oração, que faz honra às nossas
letras”.
A “Revista Feminina” havia sido
criada em 1915 pela jornalista Virgilina de Souza Salles, com sede na capital
paulista. Surgiu na intenção de oferecer ao público feminino o acesso à
instrução e à literatura, porém, era também produzida à apreciação do sexo
masculino, contendo publicações literárias de poetas brasileiros. Por outro
lado, era um espaço de diálogo entre as mulheres do país, com oportunidade para
dúvidas, comentários e transcrições literárias. Em Barretos, a “Revista
Feminina” era distribuída pela Sra. Sebastiana M. Junqueira em 1917, que já
tinha conseguido assinaturas anuais da mesma a alguns barretenses e ao jornal
“Correio de Barretos”.
Fontes:
- Jornal "Correio Paulistano" (São Paulo/SP) edições 15.961 (19/01/1918, p.1); 19.878 (16/11/1918, p.2) - Arquivo da Biblioteca Nacional.
- "Revista Feminina" (São Paulo/SP), 1920, ed. 73, p. 30-1 - Arquivo da Biblioteca Nacional.
- Jornal "Barretos Memórias", Barretos/SP, ed. 7, julho de 1988, p. 5 - Arquivo do Museu "Ruy Menezes".
- ROCHA, Osório. Barretos de Outrora. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1954, p. 296 e 325.
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