ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 31 DE DEZEMBRO DE 2019 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS
Muito se reclama da tecnologia de hoje, do
maniqueísmo de opiniões e exposições desnecessárias nas redes sociais. Existe
uma tendência de se elogiar os “bons tempos” do passado, como um momento em que
as pessoas se olhavam mais nos olhos e conversavam. Em parte, pode até ser, mas
é fato que os smartfones vieram para ficar, e até quem deles reclama,
vive a tatear, por eles, o universo da internet. Talvez, por um motivo
simples: o fácil acesso à informação (seja verídica, inútil ou perigosa).
Pelas plataformas de canais, aplicativos,
vídeos, fotografias e textos, as pessoas se agrupam e fica fácil o alcance da
notícia. A vida ali é filtrada. O algoritmo nos leva para terras que queremos,
sem nem mesmo saber que queremos. A priori, isso tudo pode parecer
loucura, porém, loucura maior é imaginar como será este acesso no futuro.
Transpondo essa situação à nossa
realidade, podemos entrecruzar os tempos atuais com o passado; onde um dos
assuntos principais em jornais era a cultura e a arte. As fontes históricas da
nossa cidade revelam que o acesso à cultura se dava inicialmente pela leitura.
O jornal “O Sertanejo”, pioneiro, era o veículo de informação mais rápida para
aquela pouca elite letrada que aqui vivia. Anunciavam-se notícias sobre outros
países e a política nacional, assim como folhetins literários, assuntos da
ciência e eventos recreativos. Somente após a vinda da ferrovia, em 1909, com a
melhor possibilidade das visitas de personagens da literatura, artes, política,
indústria e ciência, que o acesso à informação se ampliou. Naquele tempo, os
agrupamentos de pessoas com assuntos em comum se davam, também, pela união
delas em associações e clubes. As instituições eram o ponto material de
convívio e reflexão entre as pessoas.
Hoje, as plataformas de acesso e convívio
mudaram, e, o acesso literalmente está em um piscar de olhos. Os visitantes não
necessitam vir aqui, basta segui-los em seus perfis e curtir seus ‘stories’.
A velocidade dessa mudança é o que nos causa estranheza. Mas, se equilibrados
formos, saberemos extrair dali o que realmente importa: o conhecimento, o
exercício do pensar, a cultura. (É maravilhoso ver o Louvre ao vivo).
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