ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 04 DE FEVEREIRO DE 2020 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS
Voltando à literatura e a forma com
a qual ela incentivava as crianças na construção da sociedade e do patriotismo,
a Profª Brasília de Siqueira, acreditava que o Brasil ainda não possuía um
livro central que estivesse a serviço do nacionalismo. Criticava as obras
literárias produzidas para as crianças, as quais eram infantis demais ou com
conteúdo de difícil entendimento às faixas etárias escolares.
Porém, como cabiam aos professores essa
missão de ensinar e trazer à tona a cidadania, Brasília deixava uma mensagem
atemporal, que merece ser reproduzida em parte: “em nosso país, o professor
que fez da sua profissão um apostolado; o professor que não se contenta apenas
de ensinar o alfabeto e as disciplinas essenciais para a vida, e tenta acender
uma luz mais forte no cérebro da criança, o professor que, cuidando ter um
filho em cada aluno, se esforça por despertar nele o amor da pátria, da
família, do trabalho, da honra, do dever cumprido; o professor que, no desejo
de elevar a mentalidade do pequeno ser que lhe cofiaram, procura insuflar-lhe o
sentimento de amor próprio, de altivez, de independência, de piedade, de
bondade, de proteção aos humildes, de repulsão contra os maus, de desprezo ao
arrogante; o professor, enfim, que quer fazer dos seus discípulos homens
moralmente perfeitos, não tem, em nosso país, um único livro... Mas não
desesperemos. O Brasil é a terra dos poetas”.
Brasília incitava o nacionalismo
pela literatura na esperança do futuro regar a escola com uma obra que
ensinasse as crianças a se reconhecerem como brasileiras. Há que se reconhecer,
no entanto, que o texto tem 100 anos, e, que, quando Brasília conferenciava em
Barretos, o produto do seu pensamento era o que a época dela entendia como
fundamental ao país. Depois disso, o Brasil viveu o nacionalismo nos anos 1930,
visível em novos formatos em outras décadas. Mas, fica a reflexão: se no
passado o que se queria da Literatura era o exercício do nacionalismo, hoje, o
que precisamos aprender e nos inspirar com os livros?
Fontes:
- "Revista Feminina" (São Paulo/SP), 1920, ed. 73, p. 30-1 - Arquivo da Biblioteca Nacional.
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