quarta-feira, 12 de fevereiro de 2020

1920: LITERATURA E EDUCAÇÃO (PARTE IV)

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 04 DE FEVEREIRO DE 2020 (página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS 


            Voltando à literatura e a forma com a qual ela incentivava as crianças na construção da sociedade e do patriotismo, a Profª Brasília de Siqueira, acreditava que o Brasil ainda não possuía um livro central que estivesse a serviço do nacionalismo. Criticava as obras literárias produzidas para as crianças, as quais eram infantis demais ou com conteúdo de difícil entendimento às faixas etárias escolares.
Porém, como cabiam aos professores essa missão de ensinar e trazer à tona a cidadania, Brasília deixava uma mensagem atemporal, que merece ser reproduzida em parte: “em nosso país, o professor que fez da sua profissão um apostolado; o professor que não se contenta apenas de ensinar o alfabeto e as disciplinas essenciais para a vida, e tenta acender uma luz mais forte no cérebro da criança, o professor que, cuidando ter um filho em cada aluno, se esforça por despertar nele o amor da pátria, da família, do trabalho, da honra, do dever cumprido; o professor que, no desejo de elevar a mentalidade do pequeno ser que lhe cofiaram, procura insuflar-lhe o sentimento de amor próprio, de altivez, de independência, de piedade, de bondade, de proteção aos humildes, de repulsão contra os maus, de desprezo ao arrogante; o professor, enfim, que quer fazer dos seus discípulos homens moralmente perfeitos, não tem, em nosso país, um único livro... Mas não desesperemos. O Brasil é a terra dos poetas”.
            Brasília incitava o nacionalismo pela literatura na esperança do futuro regar a escola com uma obra que ensinasse as crianças a se reconhecerem como brasileiras. Há que se reconhecer, no entanto, que o texto tem 100 anos, e, que, quando Brasília conferenciava em Barretos, o produto do seu pensamento era o que a época dela entendia como fundamental ao país. Depois disso, o Brasil viveu o nacionalismo nos anos 1930, visível em novos formatos em outras décadas. Mas, fica a reflexão: se no passado o que se queria da Literatura era o exercício do nacionalismo, hoje, o que precisamos aprender e nos inspirar com os livros?

Fontes:

"Revista Feminina" (São Paulo/SP), 1920, ed. 73, p. 30-1 - Arquivo da Biblioteca Nacional. 

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