terça-feira, 5 de maio de 2020

AINDA NÃO, HISTORIADOR

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 05 DE MAIO DE 2020 
(página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS 

            Em 25 de março de 2011, publiquei neste mesmo espaço do jornal o artigo “Agora sim, Historiador!”. Naquele texto, eu comemorava o projeto apresentado ao Senado para regulamentação da profissão de “historiador” no Brasil. Nove anos depois – repito, 9 anos! – quando finalmente o Senado aprovou o projeto, que muitos benefícios trariam aos profissionais da área, veio o veto presidencial. VETO!
            A justificativa para o veto? A simples narrativa de que o projeto ofende o direito fundamental previsto na Constituição ao restringir o livre exercício profissional e a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação. Simples assim. Mas, se regulamentar uma profissão que já existe (somente tornando oficial o diploma e a ligação com pesquisas) ofende tanto a liberdade profissional da intelectualidade, cultura e ciência, por que é que as demais profissões já regularizadas também não são assim consideradas? Sem contar que outras profissões afins, como geógrafos (1979), sociólogos (1980) e museólogos (1984), já são regulamentadas há décadas.
            O projeto previa, basicamente, que para exercer a atividade, o profissional deveria ter diploma de curso superior, mestrado ou doutorado em História, ou ser um profissional diplomado em outras áreas, mas, que comprove ter exercido a profissão de historiador por mais de 5 anos. Ou seja, para ser um historiador, é necessário diploma e pesquisa na área; assim como para ser médico, advogado, engenheiro, dentista etc. O projeto não limita mercado e nem o exercício de pesquisa a outros interessados, apenas regulamenta a profissão, demarcando o perfil de seus artífices.
            A argumentação simplista do veto só revela intencionalidades políticas, provavelmente pautadas nas suposições (ilusórias) de que a História está essencialmente vinculada a ideologias e partidarismo. Um total desrespeito ao cientificismo, às pesquisas e ao ofício do historiador. História é ciência, e como tal precisa ser administrada por profissionais capacitados (e regulamentados). Que lástima!

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