ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 27 DE MAIO DE 2020
(página 2) PELA PROFª KARLA ARMANI MEDEIROS
Giovanni Levi, célebre historiador
italiano, certa vez dissertou sobre a atividade do historiador nos tempos de
hoje. Com uma narrativa simples e prática, atentou para as três fases do
trabalho do historiador: pesquisar, resumir e comunicar. De todas, a
“comunicação” tem sido o grande desafio dos historiadores nos últimos tempos; a
difícil arte de sintetizar longas pesquisas em uma linguagem atraente, que
seduza os olhos curiosos das pessoas, mas sem perder a essência da produção
científica.
A História em si, enquanto assunto,
é algo extremamente atraente. As pessoas, no geral, gostam de ler e ouvir sobre
o passado, guerras, personagens, comportamentos, cultura, revoluções e assim
por diante. No entanto, o público pouco se atenta ao fato da História ser uma
ciência, e por isso ser construída com base em dados, fontes e conceitos
longamente descritos e analisados. No geral, historiadores escrevem livros
enormes, dotados de notas de pé e citações fartas. A História não é produzida
para agradar, é uma ferramenta de reflexão e crítica. Mas, isso não significa
que ela precisa ser restrita, desfrutada somente por acadêmicos. Historiadores
escreveriam para eles mesmos? Uma corporação? É preciso pensar melhor no
leitor. Formar leitores.
Atualmente, alguns dos livros vendidos
sobre “História” são aqueles escritos por jornalistas, pesquisadores ou
curiosos. Geralmente, são obras com assuntos interessantes, mas sem os rigores
científicos dos historiadores – aqueles necessários para se discutir certos
conceitos, e que sem isso corre-se o risco de anacronismos e generalizações.
Desta forma, o historiador contemporâneo encara o desafio de manter-se firme em
suas produções científicas, mas ousar-se em pegar emprestado da Literatura uma
narrativa sensível (até apetecível), apesar de fiel.
E isso não é impossível. Haja vista a
“pena” leve (e certeira) com que escreve o historiador italiano Carlo Ginzburg,
um exemplo de narrador da micro-história. Alguém fiel à ciência e ao leitor. Uma
inspiração. (Fica a dica).
Fonte:
LEVI, Giovanni. O trabalho do historiador: pesquisar, resumir e comunicar. Revista Tempo, 2014. Disponível em scielo.
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