sexta-feira, 19 de setembro de 2008

A Bela Época

“O povo foge da ignorância,
apesar de viver tão perto dela”
(Vida de Gado – Zé Ramalho)
No último dia 11, fui com a turma do curso de História das Faculdades Integradas de Bebedouro (Fafibe) assistir algumas palestras realizadas pela ANPUH, na USP de São Paulo. Neste dia, assisti o interessante Seminário Temático designado: “Poder, exclusão e violência na ‘Belle Époque Caipira’: as experiências de Modernidade e Urbanização nas terras do interior paulista (1852-1930)”. Logo, percebi que este tema é também ligado aos acontecimentos de nossa cidade, uma vez que Barretos presenciou esta época de tamanha influência francesa.
Nesse sentido, se faz necessária uma análise da conjuntura nacional deste período, a fim de entendermos melhor estes aspectos em nossa cidade. Pois bem, levemos em consideração que a Urbanização traz elementos novos para a organização da sociedade. Por exemplo, ela congrega pessoas, atividades econômicas de mercado e até universidades. Deste modo, no século XIX, havia uma preocupação em urbanizar o Brasil, porque o país era substancialmente agrário, ou seja, “exportador de mercadorias” e era necessário um processo de Modernização conforme o modelo da Europa.
Em meio disto, surgiram mudanças e este processo tomou conta das preocupações da elite brasileira. É neste contexto que se caracteriza a “Belle Époque”, que, a grosso modo, foi uma imitação da França, uma cópia incisiva. Nesta época, surgiram as cidades burguesas e isso condicionou o desenvolvimento do Capitalismo no país. De início, os grandes objetivos das elites urbanas brasileiras eram em relação ao serviço público e, por isso, foram instalados os bondes nas grandes capitais e também a eletricidade. Outro fator de modernização foi a construção de grandes prédios e palacetes aos moldes franceses, e este quadro pode ser observado também em Barretos, onde até hoje o centro da cidade é muito favorecido com estes prédios históricos.
A partir desta síntese, pode-se chegar a várias conclusões. Contudo, voltemos à atenção para o raciocínio do estudioso economista Celso Furtado, onde é demonstrado que em todo este processo de modernização das cidades do interior do país, foram incorporadas as tecnologias e o padrão de consumo europeu, mas, isto foi restrito somente à classe social dominante e, acabou por gerar a concentração de renda e a desigualdade. E as conseqüências desta “bela época” são sentidas por nós até hoje, pois o povo ainda clama por acesso a tecnologia, lazer e cultura!


REFERÊNCIA:
Seminário Temático realizado nos estudos do Doutorando Alexandre (FEI).
OBSERVAÇÃO: ANPUH - Associação Nacional dos Professores Universitários de História.
ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL ''O DIÁRIO'' (BARRETOS / SP), EM 19 DE SETEMBRO DE 2008.

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