sábado, 13 de setembro de 2008

O Bem Comum Brasileiro




Ideologia! Eu quero uma pra viver!”
(Cazuza)


Iniciamos a semana com a comemoração da Independência do Brasil, 07 de setembro de 1822, mas, todos sabem que a independência política e econômica não aconteceu de fato, em síntese, por causa da continuidade do governo português (com o Império de Dom Pedro I e a Constituição de 1824), e da relação de dependência econômica com a Inglaterra. A partir desta época, surgem agrupamentos políticos vinculados ao governo central, com leves diferenças de pensamentos e historicamente dominantes.
O período seguinte ao Primeiro Império, denominado Período Regencial (1831-1840), é o momento considerado como a primeira experiência verdadeira de governo brasileiro. Posto que, os regentes brasileiros administravam o país conforme as políticas praticadas pelos “partidos” Moderados e Exaltados. Estes, por representarem a mesma classe social, tinham, portanto, os mesmos interesses.
Em seguida, com a ascensão do Segundo Reinado do astuto Dom Pedro II (1840-1889), os agrupamentos políticos se desenvolveram para Liberais e Conservadores. Segundo o escritor Raymundo Faoro, os liberais eram mais “democráticos”, no sentido de defender a emancipação dos municípios e das províncias, já os conservadores eram adeptos de um certo “concurdismo”, pois eram obedientes ao trono por respeito e tradição. O fato é que, os “partidos” na teoria eram representantes da opinião pública, contudo, na prática isso não acontecia. Uma vez que, os mesmos “partidos” quase não apresentavam diferenças de pensamentos, e ainda não possuíam ideologias próprias e muito menos identidade. Nesta ocasião, lembra-se a famosa frase do escritor Oliveira Viana: “Nada mais conservador do que um liberal no poder. Nada mais liberal que um conservador na oposição”.
Quase dois séculos se passaram, e estamos na quinta Constituição (1988), entretanto, ainda persistem alguns quadros políticos, por vezes, parecidos com os do Brasil Império. Afinal, os partidos políticos atuais, se seguem alguma ideologia, ainda ignoram o sentido original da política, que é o bem comum, para dedicarem-se a outros fins. Logo, obstante de estabelecer um “bem x mal” entre os partidos, fica a crítica sobre a ausência de ideologia partidária do século XIX e a esperança de inovação do “bem comum” brasileiro presente, através de sólidas políticas públicas educacionais. Porque é com a educação que se constroem indivíduos autenticamente políticos!


REFERÊNCIA:
FAORO, Raymundo. Os donos do poder: Formação do patronato polítco brasileiro. 5ª ed., Editora Globo: Porto Alegre, 1979.

OBS: Imagem do retrato da "Independência no Brasil", dita no dia 07 de setembro de 1822.
ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL ''O DIÁRIO'' (BARRETOS / SP), EM 12 DE SETEMBRO DE 2008.

Um comentário:

Macaco Ted disse...

Infelizmente a função atual da política não se resume ao bem comum, e sim ao poder, hoje vemos candidatos que faz dessa arte o principal meio de enriquecimeno familiar, problema que vem da falta de ideologia de membros partidários, como exemplo os que se dizem de esquerda, que na verdade nada mais são do que capitalistas infiltrados que se vendem ao se unirem a partidos contrários simplesmentes por troca de cargos, dizendo que tem que se aliarem a vencedores para serem vencedores, traindo assim a ideologia partidária.
E ficam as perguntas: Porque um político ganancioso, cujo um membro de sua família está construindo uma rede de escolas privadas, vai querer manter um ensino público de qualidade? Porque um político que em seu hospital se cobra mais de R$ 3.000,00 por dia de atendimento na U.T.I. vai lutar por um atendimento de saúde com qualidade à população?
Do que a estávamos falando mesmo? Bem comum?

Importante artigo nobre cidadã Karla. Parabéns.