quinta-feira, 23 de julho de 2009

O REVOLUCIONÁRIO JOÃO ROCHA (II)

Depois de “cutucar a onça com a vara curta”, isto é, tentar persuadir as tropas mineiras com sua astúcia durante a luta de 1932 no Porto do Taboado, João Rocha fez da sua história um exemplo de perseverança. Por isso mesmo, continuo aqui a história da trajetória final de João Rocha na Revolução de 1932 iniciada na semana passada.
Para tentar salvar João Rocha e Pombo, seis outros combatentes também atravessaram o Rio Grande, mas todos foram capturados. Depois de apreendidos, foram amarrados em uma árvore até o momento em que chegaria uma condução que os levasse para Frutal.
Com ameaças de fuzilamento e torturas, os combatentes foram levados respectivamente para Uberaba, Belo Horizonte e para a famosa Ilha das Flores, na capital federal Rio de Janeiro, bem às vistas do presidente Vargas. Neste local, juntaram-se a três mil prisioneiros e “enquanto durou a revolução, os soldados paulistas viveram nessa ilha, cercados por arame eletrificado, dormindo mal e comendo pessimamente, mal vestidos, em geral descalços, mas alegres, bem humorados e maltratando quanto podiam, através de discursos, de músicas e canções que inventavam à Ditadura de Getúlio Vargas” (Jerônimo Barcellos – 1968).
Com o fim da Revolução, a Ilha das Flores foi liberada e o primeiro grupo de prisioneiros, onde estava João Rocha, foi libertado. Separou-se, porém, de seu amigo Pombo. Estava liberto, mas como voltaria para Barretos? Sua aparência não era nada boa, sua roupa estava suja e rasgada, além da fome que sentia. Foi então que, depois de vagar três dias pelas ruas da capital federal, João Rocha colocou sua famosa coragem em prática e escondeu-se debaixo de uma lona de um vagão da Estação Ferroviária Central e com destino a São Paulo viajou clandestinamente. Todavia, a fome falou mais alto nos três dias de viagem e João Batista mostrou-se ao guarda do vagão quando viu o lanche que o mesmo saboreava. Assim, contou tudo ao guarda do trem e teve seu apoio durante a viagem, contou também com a ajuda de muitas pessoas. Até que em 16 de outubro teimosamente alcançou seu objetivo final, chegar a Barretos e ficar entre sua família.
Esta foi a trajetória histórica de João Batista da Rocha, um jovem destemido e ousado que mais tarde se tornou prefeito de Barretos. Seu capacete hoje faz parte do acervo do Museu “Ruy Menezes” e permite uma sensação de “viagem no tempo” quando o vemos, pois está com a marca do tiro que acertou de raspão João Rocha. A revolução de 1932 teve muitos outros combatentes e histórias, que, assim como a de João Rocha causam entusiasmo e expectativa para nós que não vivemos este momento.

REFERÊNCIAS: Documentos do Museu “Ruy Menezes”.

ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO" (BARRETOS/SP), EM 17 DE JULHO DE 2009.

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