sexta-feira, 9 de setembro de 2011

TRABALHO TEM QUE DAR TRABALHO



ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª KARLA O. ARMANI NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 2 DE SETEMBRO DE 2011

“À educação cabe fornecer, de algum modo, os mapas de um mundo complexo e constantemente agitado e, ao mesmo tempo, a bússola que permite navegar através dele”. (Jacques Delors)
No início desta semana um programa semanal de televisão abordou a questão da compra de trabalhos escolares por via da internet. Mais uma vez, a internet, que é uma ferramenta revolucionaria no acesso ao saber na Idade Contemporânea, é usada de forma indevida, traiçoeira e para fins negativos. Esta forma errônea de usar a internet é algo que confunde e ofusca os verdadeiros fins da educação, que, entre suas várias missões, está em transformar a informação no verdadeiro conhecimento.
            Se a busca pelo conhecimento é um dos pontos de partida da educação, cabe ao aluno não confundir “informação” com “conhecimento”. A informação é o conceito em si, solto num emaranhado de palavras, e a partir de sua leitura inicial, o constante pensar sobre o conceito e os exercícios de relações e comparações deste conceito com outros é o que gera o conhecimento. O que a maioria dos alunos de hoje precisa entender é que o fato de copiar uma informação sem pensá-la, sem captá-la a sua realidade, sem aplicá-la no seu cotidiano é o que mata toda sua capacidade de ser um educando. O ato restrito de copiar um trabalho anula a aptidão do aluno em escrever, tornando-o incapaz de ser o autor de suas próprias ideias e o construtor de novos saberes.
            Segundo o escritor e pedagogo Jacques Delors, existem quatro pilares básicos da educação, que resumidamente são: aprender a conhecer (o interesse ao conhecimento, aquilo que liberta da ignorância), aprender a fazer (o fato de correr riscos, de ter coragem em executar o conhecimento, de errar na busca de acertar), aprender a conviver (o respeito a todos, à diversidade e o exercício da fraternidade) e aprender a ser (a sensibilidade, a responsabilidade social, a capacidade crítica da realidade, a prática da imaginação).  O ato de se conectar à internet, procurar um trabalho e copiá-lo sem ao menos ler e dar os devidos créditos ao autor, demonstra o desinteresse pelo conhecimento, a falta de coragem em escrever e arriscar-se a errar e tentar novamente, o desrespeito com quem escreveu o texto e a anulação total de sua capacidade crítica, imaginativa e de responsabilidade com sua sociedade.
            Por um lado, na sala de aula o professor é o meio de exposição das informações e o ponto de partida ao conhecimento, afinal é ele quem desperta o interesse no aluno e o encoraja ao risco de errar e acertar, atuando como um mediador. Por outro lado, é o aluno quem constrói o seu conhecimento por meio de seu próprio interesse, coragem e responsabilidade. Todos devemos ser os autores de nossas próprias teses ou divagações, uma vez que o pensar não se limita a si só, ele se materializa em nossa escrita e volta ao nosso espírito como o verdadeiro CONHECIMENTO. Que os nossos alunos façam seus trabalhos escolares como uma construção do saber, pois trabalho tem que dar trabalho!

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