ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª KARLA O. ARMANI NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 23 DE SETEMBRO DE 2011
Durante o governo do presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira (1956-1960) o Brasil passou por momentos interessantes em sua economia e na sociedade. Ficou para a história, pelo menos aquela do livro-didático, que dentre todas as ações do referido presidente, duas são as mais importantes: o impulso à industrialização do país e a construção da capital do Brasil, Brasília. Inaugurada em 21 de abril de 1960, Brasília tornou-se a nova capital do Brasil, sucedendo o Rio de Janeiro, e atraindo para si diversos olhares da população brasileira que se via curiosa em conhecê-la.
Curiosidade esta que chegou aqui, em Barretos no final da década de 50. Em um artigo descritivo do jornal “O Correio de Barretos” de 1º de junho de 1958, Ruy Menezes, então diretor do jornal, contava a “aventura” que ele e os srs. José de Assis Canoas, Raphael de Moura Campos e Iris Meinberg realizaram ao visitar a nova capital do país, que ainda estava sob construção. Tudo começou com um convite feito pelo dr. Iris Meinberg, que na época era político e integrante da NOVACAP (Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil), considerado, então, como um dos fundadores de Brasília.
Partiram de avião de Barretos no dia 22 de maio num céu um tanto chuvoso, chegando à Brasília quase duas horas depois. Como relato naquele jornal, Ruy Menezes proferiu as palavras do primeiro impacto da paisagem e depois a noção de complexidade da obra: “... julgávamos Brasília uma confusa porção de palácios se levantando do chão, em meio a ferros e madeiras e de permeio como um formigueiro humano, tudo isso, entretanto, limitado por uma reduzida área de terreno. Uma aldeia, quando muito, tudo primitivo, muito rústico, cheirando a mata e a bugre. Essa foi nossa previsão, assim, foi, de imediato, alterada. É que percebemos, ali, o esqueleto branco, gigantesco, do palácio (Alvorada) e, perto, um edifício colossal de hotel. Longe, uma cidade inteira se postando, presa a extensa ramificação de estradas. Mais adiante, novos núcleos de habitação, uma babilônia, um alternar contínuo de campos e de casas, de máquinas e automóveis, uma balbúrdia, enfim. Tivemos noção, nessa hora, de que a coisa era muito mais complexa e que, ao contrário daquele primitivismo, havia, ali, já índices seguros de civilização, recursos e uma realidade estupenda se firmava em definitivo”. Quanto mais os barretenses se aproximavam das construções e dos trabalhadores, mais rápido sentiam a imensidade daquela obra.
Em seguida, o artigo de Ruy Menezes explicava sobre o “catetinho”, isto é, o pequeno palácio de madeira que servia como morada do presidente Juscelino, que passava por Brasília uma semana sim e outra não. Conheceram o edifício e se hospedaram ali por perto e depois passaram a verificar a vegetação da região, que tinha como planta símbolo a flor “paepalantus”. Nas outras edições do jornal foram retratados mais detalhes sobre essa visita e nos jornais na época da inauguração da capital, novas impressões foram registradas. O interessante é notar que os barretenses fizeram uma visita à capital no momento de sua construção, isto é, quando tudo aquilo ainda era projeto de Niemeyer e Lucio Costa, morada de uma série de trabalhadores e um “sonho” do presidente Juscelino.
Um comentário:
Incrível. Gosto muito de saborear momentos históricos pelas palavras dos personagens, muito legal você colocar a descrição do Ruy. Deve ter sido mesmo muito incrível a percepção da mudança da paisagem, de selvagem pra civilizada, e todo o alvoroço dos trabalhadores... E se tem mesmo, mais descrições sobre essa época dos trabalhadores e da época da inauguração, você até poderia falar um pouco daquele fato recém descoberto das mensagens deixadas pelos operários durante a construção de Brasília em 59, seria interessante falar do operariado nessa época e do crescimento da indústria das construções... enfim, tem pano pra manga essa história, e eu gosto muito dessa época, vc sabe...
BeijO!
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