quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O ADVENTO DA REPÚBLICA: GRUPOS ESCOLARES


ARTIGO PUBLICADO PELA PROFª KARLA O. ARMANI NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" NO DIA 9 DE DEZEMBRO DE 2011

            Quando proclamada, apesar de não mudar o cenário das representações políticas, a República brasileira fez surgir novas instituições nos confins do país. O Estado mais atingido pelas mudanças republicanas foi São Paulo, uma vez que o café assegurava poder aquisitivo para tais modernidades. O ponto de partida para transformar uma província “mofada” do Império em um Estado “moderno” republicano, era a implantação de um sistema educacional que garantisse acesso as mais isoladas localidades. Nasciam, assim, os grupos escolares da primeira república, instituições educacionais que, desde 1893, tinham a missão de universalizar o ensino por meio de uma educação padronizada e formação de professores.
            Barretos, então recente comarca, não ficou fora deste projeto e já em 1912 teve seu 1º Grupo Escolar instalado na Praça da República (Praça Francisco Barreto), grupo este que possuía um prédio de arquitetura especialmente desenhada para representar o ideário educacional da república. Pouco mais de vinte anos depois, Barretos já contava com três grupos escolares, além dos grupos escolares do Frigorífico e de Itambé, oito escolas estaduais, quatro escolas municipais e sete escolas particulares em toda sua região. Todas as escolas de Barretos e região pertenciam a Diretoria Regional de Ensino de Jaboticabal e, esta, por sua vez, fazia uma série de visitações e depois registrava os relatórios sobre todas as condições das escolas.
            Sabendo disso, vamos nos ater no ano de 1939, quando o presidente do Brasil era Getúlio Dorneles Vargas e o prefeito de Barretos era Fabio Junqueira Franco. O segundo e o terceiro grupos escolares foram instalados respectivamente em 1935 e 1939, ambos surgiram pelo crescimento de matrículas do 1º grupo escolar que não sustentava mais esta demanda. Em 1912, quando criado, o número de matrículas do 1º grupo foi de 257 alunos, já em 1939 este número foi para 827 alunos, sendo que no grupo só existiam 10 salas de aulas. Além disso, o grupo escolar contava com gabinete dentário, espaço para sopa, assistência médica (na época, pelo pediatra dr. Julio Costa), práticas de escotismo, bibliotecas, apresentação de trabalhos artesanais e de músicas orfeônicas.
            Os grupos escolares de Barretos precisam ser melhores estudados no contexto da primeira república do Brasil, visto que possuem muitas referências sobre a época e particularidades interessantes. Barretos, mais uma vez, se mostrava como uma localidade intrínseca aos acontecimentos da história do Brasil e ser sede de grupos escolares era refletir a modernidade de uma terra, mesmo que isolada. Enfim, aos antigos grupos escolares, que hoje são as escolas estaduais “dr. Antonio Olympio”, “E. Municipal Prof. Fausto Lex e “E. E. Cel Almeida Pinto” o nosso reconhecimento.
           
FONTE: www.arquivoestadosp.gov.br/educacao

Um comentário:

Priscila Trucullo disse...

Vale lembrar que a educação nesta época não era universal, que a maioria da população ficava de fora, afinal, apesar de barretos ter participado da implantação dos grupos escolares estaduais, o numero ainda era insuficiente, o que gerava a necessidade dos chamados exames admissionais, apesar da qualidade do ensino ser "melhor" do que hoje, se comparada com a escola particular da época. Vale a pena conferir os avanços (universalidade do ensino publico) e os retrocessos (qualidade do ensino), sem esquecer de aliar às perspectivas de ensino-aprendizagem de ontem e hoje (educação positivista x interacionista), e como isso se deu/se dá na nossa cidade. Muito legal o site do arquivo, vale conferir as fotos dos nossos grupos escolares lá, uma aula, também, de arquitetura. =) Gostei.