ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 16 DE DEZEMBRO DE 2011 PELA PROFª KARLA O. ARMANI
“A história de uma mulher que muito pecou porque muito amou! Ela queimou sua alma num inferno de ciúmes... Impressionante película de amor.”
Esta frase estampava o cartaz de um filme muito esperado pelos barretenses há exatos 65 anos atrás. Com palavras profundas, o cartaz do filme “Amar foi minha ruína” exibia belas fotos do ator amerciano Cornel Wilde e da bela Gene Tierney e anúncios atrativos para que a população fosse prestigiar a inauguração do mais recente e moderno cinema de Barretos, o Cine-Barretos. Um cinema que ao longo do século XX passou a ser considerado “velho”, mas que agora passa a ser reinaugurado no dia de hoje.
Ao ler os jornais dos anos 40, percebe-se que na época da construção do Cine-Barretos as expectativas eram as melhores por parte da comunidade. Em uma reportagem do jornal “A Semana”, de fevereiro de 1946, foi escrito cada detalhe de como seria a estrutura do novo cinema, que era comparado com a “Radio Cultura” de São Paulo (na Av. São João) por ter a fachada parecida com a mesma. Faziam menção também às 1200 poltronas que seriam colocadas no cinema, os 12 “modernos” aparelhos renovadores de ar e os 2 projetores de filmes. Todos os pontos foram citados, por exemplo: as bilheterias, o toilette para as senhoras, a sala de espera, o declive do salão de projeção, a decoração e a iluminação da fachada a cores pelo “sistema fluorescente”. Como se vê, o novo cinema era tido como um símbolo de modernidade e tecnologia para os habitantes de Barretos dos anos 40, que esperavam pela inauguração nos meses de junho ou julho, mas que acabou por acontecer em dezembro de 1946.
Já na época da inauguração, o Cine-Barretos foi caracterizado como um “colossal e elegantíssimo edifício de concreto armado” pelo jornal “Correio de Barretos” e assim foi recepcionado com grandes salvas pela população. Em 17/12/1946, numa 3ª feira, às 16 horas, foi inaugurado o moderno cinema ao lado do antigo e belíssimo Teatro Santo Antonio, na rua 20. Nos jornais da época foram muitos citados os nomes dos srs. Pedro Bibo e Oswaldo Sampaio da Empresa Teatral Paulista, que foram condecorados com as honras de dotar a cidade com um “régio presente de natal”.
Ao que consta, no dia da inauguração do Cine-Barretos foram feitos pronunciamentos por parte do sr. Nadir Kenan, diretor da Radio PRJ-8, que em seguida passava o microfone para as demais pessoas. Outro detalhe interessante, agora retirado das atas da Santa Casa de Misericórdia de Barretos, é que a renda arrecadada no dia da inauguração do cinema seria revertida para o hospital. Além disso, existem pessoas ainda hoje que presenciaram este dia, como o sr. José Vicente Dias Leme (que diga-se de passagem possui uma memória fantástica!), outra fonte de inigualável valor para nós que estamos aqui tentando reviver este momento de 65 anos passados.
Se no passado o momento foi de festa pela inauguração do “moderno” Cine-Barretos, o presente também se alegra com o fato do “antigo” cinema ter suas funções revigoradas, mesmo sem todas as suas características originais. Afinal, é sempre uma alegria ver um patrimônio histórico em funcionamento! Luzes, câmeras, ação!
FONTE: Acervo de jornais do Museu “Ruy Menezes”.
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