ARTIGO PUBLICADO NO JORNAL "O DIÁRIO DE BARRETOS" EM 01º DE JANEIRO DE 2012 PELA PROFª KARLA O. ARMANI
“Adeus ano velho, feliz ano novo / Que tudo se realize no ano que vai nascer /
Muito dinheiro no bolso, saúde pra dar e vender!”
O verso acima é uma das várias canções que são comuns neste momento de passagem de ano. Esta é a fase em que pensamos sobre as realizações, as perdas e ganhos do ano que finda e também começamos a fazer as vibrações para o ano que se inicia. Aquilo que se espera para o ano que vem é mentalizado a fim de se tornar realidade, e na maioria das vezes, como é visto no verso acima, o que mais se deseja é prosperidade e saúde. Neste momento de final de ano, as mensagens rolam soltas em cartões impressos e nos emails, pois palavras inspiradoras são muito bem vindas para o ano que vai nascer.
É interessante apreciarmos a fundo o conteúdo destas mensagens, pois elas carregam os desejos mais íntimos da sociedade que vivemos, mostrando nossa cultura em termos gerais. Assim, é notável um verso retirado do primeiro jornal de Barretos, O Sertanejo, em que os escritores da época comentavam e festejavam a passagem do ano de 1900 para 1901, ou seja, a passagem do século XIX para o XX. O Cel. Almeida Pinto, muito conhecido na época, com o pseudônimo de João Bobo enalteceu em sua “Chronica da Terra” as seguintes rimas: “Leitoras, as boas festas; boas festas, ó leitores! Que vossa vida futura, seja coberta de flores / Desejo-vos mil venturas, neste século que vem: que Deus a todos proteja, como ao João Bobo também / Que leve o diabo deste ano: velho, feio, rabugento; que nada me deixe a mim, em seu negro testamento! / Surja, em fim, a nova aurora, venha, afinal, vida nova. E que Deus livre o cronista de tomar alguma sova!”.
A mensagem de “João Bobo” pode nos parecer no mínimo “exótica” no que se refere às palavras de hoje, mas é que naquele tempo usavam-se muitos termos rotulados de antíteses, isto é, bem e mal; Deus e diabo; claro e escuro, novo e velho. Além é claro, da “pitada” de humor também presente na formulação das rimas. Desta maneira, é interessante perceber que, mesmo com as diferenças expressivas, mensagens de finais de ano continuam a permanecer em nossa sociedade; mesmo com um século de distância.
As mensagens do tempo presente são carregadas de palavras que aguçam nossas emoções, como por exemplo, este trecho retirado do poema “Receita de Ano Novo” do inesquecível e incomparável Carlos Drummond de Andrade: “Para ganhar belíssimo Ano Novo, cor do arco-íris ou da cor da sua paz / Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido (mal vivido talvez ou sem sentido) / [...] / Para ganhar um Ano Novo, que mereça este nome / Você, meu caro, tem de merecê-lo / Tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil / Mas tente, experimente, consciente / É dentro de você que o Ano Novo cochila e espera desde sempre”.
Belas e sábias palavras de Drummond. Então, que neste ano novo possamos merecê-lo da forma mais simples possível: acordando-o dentro de nós mesmos! Feliz Ano Novo!
Um comentário:
Lindo, parabéns!! =)
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